a infinita ausência

Friday, August 17, 2007

20 de Setembro de 2007 (carta que fluiu como o rio)

Querida Teresa:

Às vezes, um cristal de silêncio estala nos intervalos infinitesimais entre o labor da rotina e do fruir já natural da melancolia; e num cismar enternecido de imensa solidão, penso na tua aguçada ausência que se instalou pavorosamente em todos os lugares, espaços, cantos, becos habitáveis de existência palpável e abstracta.
A ignorância é um canto de ruídos contínuos, que aprendi a ouvir sem escutar, nadam sobre o meu espírito como peixes invisíveis e intocáveis pela sua insignificância e irrelevância. Respiro com tranquilidade domada pela razão - um crivo necessário para alcançar a ilha longínqua, ainda desconhecida, de encanto e de assombro certificados pela ficção (onde por vezes é mais real que a realidade falível); onde os teus braços me esperam, e quem sabe, o ósculo interdito milenar que nesta vida me sabe a negação inexorável, fruto-veneno proibido.

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