a infinita ausência

Monday, October 01, 2012

20:23

Não obtive resposta dos e-mails que te enviei, foi uma tentativa de semear sorrisos no teu caminho, por agora infinitamente doloroso. Sei disso porque visito regularmente o teu blog e já amei assim, já me deixei rasgar por um sentimento inominável e violento. Imagino que hoje a tua depressão tenha sido de tal forma insuportável que as imagens engraçadas que mandei só agravava o teu mal-estar. Apercebemo-nos da nossa tristeza miserável quando a graça não nos toca, o belo não nos enternece e a angústia alheia não nos comove. Vejo-te do outro lado da margem e tento atenuar a tua aflição com palavras doces, lúcidas, compreensivas, racionais, embora eu saiba que será em vão.
Cheguei à conclusão de que a infinita ausência de ti ao longo destes anos era um véu que cobria outras ausências mais duras e inconscientes que a minha alma queria a todo o custo evitar observar. A veia romântica achou que sofrer pela ausência de um amor impossível seria mais nobre, e escrevê-la poderia ser um último grito de libertação. Agora vejo tudo com mais nitidez, sem realmente conhecer a semente de onde tudo isto gerou, não é possível nenhuma redenção, ou o vago sabor dela seria uma efémera ilusão.
Gostava que pudesses compreender que és tu a criadora do teu universo de dor e que só tu poderás pôr fim a isso... Mas como fazê-lo se teimas em achar que só a outra pessoa te fará feliz? Só posso dizer-te que only time can heal what reason cannot (Seneca).

8 Comments:

  • At 12:10 PM, Blogger Ana said…

    Perdoa-me a intervenção , passo pelo mesmo e sabes ? Simplesmente não significamos nada na vida delas ...

     
  • At 8:25 PM, Blogger ec said…

    Lamento saber isso porque sofrer por um amor não correspondido é terrível, pode durar anos como foi o meu caso. Mas tendo uma postura de frágil boba sempre à disposição da senhora ou de uma vítima cheia de queixumes não será a melhor maneira de conquistar um lugar na vida dela. Enfim, com o tempo hás-de ver melhor as coisas :)

     
  • At 9:36 PM, Blogger Ana said…

    Li com mais atenção ... Eu vou seguindo à algum tempo o blog , mas sempre por alto , fiquei com ideia que escreve para alguém que volta e vai. Andava para intervir à mais tempo , mas quem sou eu ? Conselhos podia dar eu que me afogo (parecu -me ) no mesmo mar ? E repetir a sua historia com outro protagonista parecia-me plagio ... Mas parece-me que houve uma mudança ? Está soltar-se ? percebi bem ?

     
  • At 2:20 AM, Blogger ec said…

    Sim, estou a soltar-me desta história terrível que criei há anos. É uma ilusão achar que outra pessoa ou alguma coisa nos possa trazer felicidade, e esta força ilusória consome-nos dia e noite, absorve toda a energia positiva possível e destrói-nos lentamente. Quando conseguirmos ser leves e felizes sem razão, como uma criança, nada nos abala e tudo é renovado com outro sabor. É aí que seres extraordinários nos aparecem na vida, temos que estar disponíveis e abertas para isso, não fechadas no nosso universo de dor e ansiedades :)

     
  • At 11:17 AM, Blogger Ana said…

    Lindo, lindo , lindo ... No fundo é isso , eles as Teresas e Catarinas deste mundo são invólucros onde que enchemos com os nossos desejos, fantasias, eles coitados não tem culpa de não saberem amar assim , ou não calhou "amarem-nos" assim. A minha história acabou, ela morreu, isto é, a pessoa que criei morreu. Tenho dias muito maus, já tive várias recaídas e o resultado foram profundas humilhações, porque o tal recipiente esta agora ocupado com outros amores e demonstra um prazer mórbido em me magoar.E isso não posso permitir. No entanto, algo veio-me salvar: um dia acordei muito leve, tenho sorrido todos os dias, sinto.me em paz . Certamente não voltarei a viver aquelas emoções acho que não quero nem tenho saude para voltar a passar tudo aquilo, mas neste momento estou estranhamente bem ... não existe outra pessoa, nada , existo apenas EU (finalmente!)

     
  • At 4:26 PM, Blogger ec said…

    Tão bom ler isso! Puseste um ponto final nessa história cheia de dor e de humilhação, é a única maneira de te salvares. O amor não magoa, a paixão sim, o amor precisa de tempo e de desafios para provar a sua existência, a paixão precisa apenas de corpos, fluidos e prazeres efémeros. Quando consegues estar bem sozinha, sem apegos nem ilusões fantasmagóricas, serias capaz de distinguir que tipo de amor queres cultivar na tua vida, e que pessoas permites entrar na tua alma.

     
  • At 7:01 PM, Blogger Ana said…

    Não quero que entre ninguém . simples , quero osossego doa meus livros , o sossego para escrever , sossego para fingir que sou feliz , para enfrentar uma serie de outros problemas ... não quero querer deixar entrar ninguém .

     
  • At 7:58 PM, Blogger ec said…

    Compreendo, estás na fase de luto ou de convalescença. É necessário certa solidão para sabermos realmente o que queremos e o que não queremos. Enfim, vive-se um dia de cada vez, é o melhor.

     

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