a infinita ausência

Tuesday, October 21, 2008

21 de Outubro de 2008

Querida Teresa,

Hoje reencontrei uma velha amiga nossa; é curioso como o tempo consegue albergar em si tamanha contradição: simultaneamente nos perpassa trazendo na sua foice a velhice, os dissabores e os achaques, assim como as amizades afinal indeléveis, que teimam em firmar a sua posição ante as pregas do rosto e a intumescência abdominal. Não houve ensejo para discorrermos as páginas nem sempre felizes dos velhos tempos, mas senti de facto a tal suavidade em nada se dizer e tudo se entender que falava o mestre. Este reencontro não só me trouxe essa sensação fantástica do tempo intacto relativamente à amizade, mas também me levou até ti, às recordações eivadas de sentimentos contraditórios onde a felicidade e o desespero eram duas faces da mesma moeda. Não lamento o silêncio que se apossou da tua boca, nem das tuas mãos, porque não hei-de permitir que o teu silêncio se apossa da minha esperança e da minha vontade, transformá-las em angústia e desesperança. Todavia, sabes que estarei onde tu me quiseres encontrar.

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