a infinita ausência

Sunday, July 03, 2011

4 de Julho de 2011

Querida Teresa


Espasmos de melancolia têm vindo a sobressaltar o meu espírito depois de te ver, e uma ânsia traquila percorre o meu corpo terno de clamorosa juventude e de insubmissa paixão. Todavia não temo pela impossibilidade de te não rever, não vacilo trémula ante o precipício de um fim há muito decretado por ti - deusa toda poderosa que escreve impacientemente por linhas tortas o livro do meu destino. Porém, continuo a fazer-te oferendas de sacrifício do que há de melhor em mim, no altar magnificente do espaço sideral invisível aos olhos desapaixonados, turvos pela harmonia risível do comodismo, da monotonia, da rotina, da apatia. Por isso, ninguém te vê em mim, só eu te vejo no espelho e te sinto palpitar na infinita espiral bojuda do meu dedo indicador. É aí que surges em palavras quando escrevo já no limiar da angústia liquefeita em pó; é aí que tudo recomeça, quando entoo o hino do amor subtil e faço a dança xamânica para expelir o que é nocivo entre nós. Depois o clamor do desespero deixa de ter importância, já mal o oiço, e a maravilha do amor honesto traça uma linha reluzente, esplendorosa, sagrada entre a eternidade e o agora.

1 Comments:

  • At 9:14 PM, Anonymous Anonymous said…

    ...É o teimar em não VIVER!
    É o sobreviver no mundo da ilusão, que é o NADA!
    Isto, deixa-me arrepiada...porque revi-me no passado...tão NADA!

     

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