a infinita ausência

Tuesday, February 17, 2009

17 de Fevereiro de 2009

Querida Teresa

Oiço o meu CD eleito de Chopin para te escrever de modo condigno e intenso; rebuscar o aroma humedecido e denso da nossa pequena cidade, a que te encontras neste instante, a que me acolherá em breve. É curioso como desta vez não me assalta o entusiasmo ou o terror de te rever, não me angustia a dicotomia que há tantos anos me afligia o coração: escrevo-lhe, não lhe escrevo; telefono-lhe, não lhe telefono... O meu pobre coração lasso decidiu pulsar com veemência por outras coisas de maior ou menor importância, dependendo da perspectiva de quem as avalia. Estamos de facto muito longe uma da outra, creio que durante estes anos todos de obsessão dolorosa, nunca o apartamento criou raízes sólidas como estas, que me impelem ao teu esquecimento. O teu silêncio profundo e cáustico dominou os estos derradeiros do meu coração. Quem diria, querida Teresa, que conseguirias vencer e domesticar o sentimento indomável que te prometi ser eterno e imperecível? Não te animes antecipadamente, porque o dia em que me sentir estar à tua altura, digna de exibir em pleno o meu amor por ti, saberás o quanto estavas enganada. Ouve-me: nem que seja daqui a cinco, dez, quinze, vinte anos. Espera por mim.