a infinita ausência

Thursday, April 28, 2005

28 de Abril de 2005

Querida Teresa:

Escrevo-te para finalizar o meu dia de hoje, mais um para rasgar, mais um para te evocar. Preciso de te ouvir, ou melhor, de te ler mas não sei o que te escrever, não tenho novidades, não tenho poesia, só vejo um muro espesso e intransponível a separar-nos e a palavra é a única ponte onde posso chegar até ti. Vou-te mandar um poema de Maria do Rosário Pedreira que particularmente me tocou. Um beijo e até amanhã*

Wednesday, April 27, 2005

27 de Abril de 2005

Querida Teresa:

Hoje estive de folga, passei o fim da tarde a reler os teus e-mails e a contá-los, são ao todo 137, incluindo e-cards, fwd's, poemas e fotos. Queria falar contigo, ouvir-te, olhar-te mas neste momento é impossível como ser feliz. O tempo passa e reparo que nada mudou, sou a mesma alma perdida que conheceste há seis anos atrás, isso assusta-me deveras. Será que tu mudaste alguma coisa? Será que um dia vais olhar para mim com outros olhos?...

Tuesday, April 26, 2005

26 de Abril de 2005

Querida Teresa:

Poderias ter-me dito mais alguma coisa sem ser um simples “obrigada” mas já alegraste a minha alma e intensificaste o rio por onde corre o meu sangue cujo objectivo é chegar até ti, um dia. Fico contente por gostares do meu poema, sonho em poder ler-te todos que escrevi até hoje, numa noite de céu límpido e estrelado, à beira-mar, descobrir todos os teus segredos mais recônditos e ver-te adormecer lentamente entre os meus braços. Aí eu poderei finalmente morrer sob a tua fatal fragrância ao sabor da maresia.

Thursday, April 21, 2005

21 de Abril de 2005

Querida Teresa:

Vim conversar contigo antes de me deitar, amanhã é um novo dia mas o coração teima em permanecer no passado, continuo imperceptivelmente a esperar-te no meu abismo que também um dia já compartilhaste comigo. O que sinto não deve ser amor, é obsessão, uma doença crónica mas não mortal, uma teimosia patológica, se é que posso chamar assim. Ao menos não absorvo o vazio total do quotidiano porque existes e transfiguras a minha vida num romance deleitavelmente amargo.

Tuesday, April 19, 2005

19 de Abril de 2005

Querida Teresa:

Afinal vou só no próximo ano, terei mais tempo para me preparar ou até fantasiar o momento em que nos poderemos encontrar. Continuamos silenciosas, não vou esboçar nenhum gesto, falarei contigo através da escrita como sempre fora. Ontem escrevi um poema dedicado a ti como é óbvio, publiquei noutro blog e acho que nunca foste lá, gostava que pudesses deixar um comentário, assim esse lugar teria ao menos um sentido.

Wednesday, April 13, 2005

13 de Abril de 2005

Querida Teresa:

Talvez em Outubro eu volte à minha terra natal, estarás aí como sempre estiveste na sombra de todos os meus passos, vou sofrer pela tua presença física, a distância não passará do virar da esquina, o terror de te poder encontrar em qualquer parte triturar-me-à totalmente. Acho que não te vou contactar, não estou em condições para te ver, para me expor, nego a possibilidade de morrer mais uma vez sob o rubor do teu sorriso.

Saturday, April 09, 2005

9 de Abril de 2005

Querida Teresa:

É sábado, vou estar quatro dias em casa, uma espécie de mini-férias que me vão ajudar a relaxar e a esquecer a futilidade do quotidiano do trabalho. Bem, há mais de uma semana que não tenho notícias tuas, não te vou escrever, o cansaço que tombou sobre mim é demasiado e voltei à ideia de desistir de ti, de te encontrar, de cavar na areia a imagem que desapareceu há imenso tempo e que toda a gente sabe que não vai regressar. Um dia destes invadir-me-à aquela saudade surreal e escrever-te-ei asfixiada pela tua ausência infinita.

Monday, April 04, 2005

4 de Abril de 2005

Querida Teresa:

Já perdi a vontade de abrir o mail porque sei que não estás lá. Se calhar nunca estiveste da forma como eu tenho vindo a idealizar, teimo em persistir a tua breve existência na minha vida perdurando-a para todo o sempre e por isso é que dizes que o meu amor é estranho. Gostava de não sentir, ser outra pessoa, ter outra vida, renascer.