a infinita ausência

Wednesday, December 20, 2006

20 de Dezembro de 2006

Querida Teresa:

Nestes últimos dias tens respondido aos meus devaneios, parece irreal e isto enche-me a alma duma alegria indizível, duma paz serena com sabor a maresia, quem me dera que fosse para sempre. Vais passar o natal nas montanhas rochosas, plenas de brancura mística, imagino-te a esquiar elegantemente, só os deuses saberão qual das belezas são perfeitas e invejáveis - a tua ou a da natureza mãe.
Neste natal, como os anteriores, não vou a lado nenhum, não imaginas como estou farta desta época estupidamente hipócrita, celebrado em prol dos interesses, das obrigações de oferecer presentes porque caso contrário "fica mal visto"! Onde estará Deus, que está por nascer? Ironia.
Deixo a metafísica de lado e levo-te comigo, como o melhor presente que alguma vez o mundo poderá me ofertar.

Monday, December 11, 2006

11 de Dezembro de 2006

Querida Teresa:

Quando começo a habituar-me, conformar-me, sucumbir-me à escuridão intensa do teu silêncio ensurdecedor; regressas com fulgor, como uma força violenta dum relâmpago fugaz, como o último ar respirável dum semi-vivo cujo único ofício é manter os olhos abertos e a espera da ressurreição. Gastei as palavras em flecha ao tentar atingir-te, no entanto, são as mesmas palavras que me restam ao abrir as minhas mãos, não aprendi outras, apenas sei estas de cor; nem tão pouco sei se necessito de outras. Porém, sei de um facto: não quero que a tua presença se dilua na indiferença das horas fúteis, nem que o meu coração cesse de estremecer ao ouvir, ler, soletrar o teu nome. Quero erguer-te, inteira, transparente, singela e nua sob a minha poesia, para sempre.