a infinita ausência

Wednesday, September 28, 2005

28 de Setembro de 2005

Querida Teresa:

Não sei responder a tua pergunta “como permaneces tão igual?”, será que é mau ser como sou, será que te incomodo com o meu desvelo solitário e ininterrupto? Aos teus olhos continuo a ser a menina de 18 anos que conheceste por ironia do destino, que titubeia, que cora, que é capaz de esvoaçar só de te olhar e o mundo cessar de súbito mais o silêncio que afunda pela calçada da cidade onde em breves momentos juntas atapetámos. Sim, creio que continuo a ser essa menina que só de me lembrar da tua presença, morro de aflição.

Thursday, September 22, 2005

22 de Setembro de 2005

Querida Teresa:

Ontem mandei-te um poema meu para que me digas alguma coisa, para derrubar a clausura do teu silêncio que já se torna hostil:

às vezes parece que se morre na seda trémula da tua voz
voo rasante de pássaro livre
rios matinais que destoam as margens da minha boca
cobrindo a minha alma de luares argênteos da tua ternura
calo-me porque as palavras estão sujas
mal cabem nas linhas do destino onde te abrigo no
interior do mar revolto por isso
peço-te que inventes um corpo jovem de mármore polido
para que te fulmine na gruta mágica dos meus lençóis
agora que sustenho o teu peso nos meus ombros nus
mergulha na total escuridão alucinada deste quarto onde te possuo
para sempre, talvez seja demasiado tempo para decifrar
o caleidoscópio do indizível
talvez o meu silêncio cruel te procure e
continue a fugir para os terrenos saibrosos da cobardia
mas ouve o grito de aflição contido neste rascunho
ouve-me esta noite


20.09.05

Sunday, September 18, 2005

18 de Setembro de 2005

Querida Teresa:

"it feels good to know i'm still somewhere in ur heart". Também me sinto bem em fazer-te sentir bem e há dias em que só tu me consegues fazer sentir bem, viva, cintilante. Mais nada se disse entre nós, não sei o que te dizer e como te dizer tudo aquilo que tenho para te dizer, não sei, aliás talvez tudo o que te disser não fará sentido e nunca fez.
Aproxima-se o dia dos teus anos e dos meus, já passaram quantas primaveras? Por pouco és considerada quarentona! Eu sei que te enjoa e perturba a velhice mas no teu caso, quanto mais velha, mais bela e saborosa, mais minha.

Thursday, September 01, 2005

1 de Setembro de 2005

Querida Teresa:

Há muito tempo que não te beijo levemente com as palavras através deste blog. Foram várias razões e a principal é o facto do pc estar "doente", já o formatei uma vez mas o mal continua, assim não te consigo falar... Além disso, não me disseste nada desde que partiste da tua terra natal, sabes que me custa gritar e só ter o eco de volta; hoje mandei-te um postal virtual, espero que me respondas, ao menos diz obrigada ou coisa parecida...
No final do ano espero mudar-me de casa, aí terei todo o tempo e espaço do mundo para me dedicar a ti, do género na madrugada levantar-me da cama e vir até aqui chorar as palavras que nunca lerás.