Não obtive resposta dos e-mails que te enviei, foi uma tentativa de semear sorrisos no teu caminho, por agora infinitamente doloroso. Sei disso porque visito regularmente o teu blog e já amei assim, já me deixei rasgar por um sentimento inominável e violento. Imagino que hoje a tua depressão tenha sido de tal forma insuportável que as imagens engraçadas que mandei só agravava o teu mal-estar. Apercebemo-nos da nossa tristeza miserável quando a graça não nos toca, o belo não nos enternece e a angústia alheia não nos comove. Vejo-te do outro lado da margem e tento atenuar a tua aflição com palavras doces, lúcidas, compreensivas, racionais, embora eu saiba que será em vão.
Cheguei à conclusão de que a infinita ausência de ti ao longo destes anos era um véu que cobria outras ausências mais duras e inconscientes que a minha alma queria a todo o custo evitar observar. A veia romântica achou que sofrer pela ausência de um amor impossível seria mais nobre, e escrevê-la poderia ser um último grito de libertação. Agora vejo tudo com mais nitidez, sem realmente conhecer a semente de onde tudo isto gerou, não é possível nenhuma redenção, ou o vago sabor dela seria uma efémera ilusão.
Gostava que pudesses compreender que és tu a criadora do teu universo de dor e que só tu poderás pôr fim a isso... Mas como fazê-lo se teimas em achar que só a outra pessoa te fará feliz? Só posso dizer-te que only time can heal what reason cannot (Seneca).