a infinita ausência

Tuesday, June 08, 2010

8 de Junho de 2010

Querida Teresa

Apeteceu-me vir falar contigo, apesar de saber que não me ouves, não me respondes, não me lês - não me queres na tua vida. Que importa? Falo com a Teresa de há onze ou doze anos atrás, nem sei, já perdi a conta. Escrevo para ela, que é delicada, sensível, generosa, aquela que possui a Beleza, o dom da palavra, a capacidade milagrosa de nada dizer e tudo ser. És a portentosa Vénus que embala os mortais só com o virar dos olhos; és a magnífica Medusa que petrifica os corações inconsoláveis com um sorriso rasgado; és a minha Teresa, a única e insubstituível que destrona todas as deusas da mitologia, porque não foste inventada nem polida pela pena dos poetas, tu vives e respiras com alegria e tristeza naquele pontinho extremo da Terra.
Sempre que quero vejo-te claramente visto porque a minha alma é o chão por onde pisas. Sempre que preciso desenho o teu sorriso na minha mão porque a linha da vida e da morte são os contornos finos dos teus lábios. Sempre que tento ouvir a tua voz basta estar atenta porque os cânticos da Natureza são límpidos e belos como a tua voz.
Como agora, neste momento que chove lá fora, sinto-te perto a irradiar luz e energia. Dás-me forças, coragem, empurras-me para a frente com o teu desprezo para que um dia eu possa voltar o rosto e olhar-te fixamente sem fraquejar.