Thursday, November 01, 2012
Wednesday, October 03, 2012
3 de Outubro de 2012
Querida Teresa,
É doloroso ver-te definhar fisicamente e psicologicamente a cada dia que passa, sem conseguir atenuar o teu sofrimento. Estou longe e impotente. Não consigo compreender a crueldade da outra pessoa para contigo, como é possível? Coloquei-te no mais elevado pedestal ao longo destes anos e só de imaginar que poderia te causar uma ponta de mágoa, morreria de aflição. Não sei se por este mundo fora, haverá alguém capaz de te estimar como eu o faço - espero bem que sim. Quero muito que reencontres o Amor, que te alicia para a vida, para a alegria, para sorrisos rasgados; não este que te sorve para o abismo mais profundo das trevas.
Monday, October 01, 2012
20:23
Não obtive resposta dos e-mails que te enviei, foi uma tentativa de semear sorrisos no teu caminho, por agora infinitamente doloroso. Sei disso porque visito regularmente o teu blog e já amei assim, já me deixei rasgar por um sentimento inominável e violento. Imagino que hoje a tua depressão tenha sido de tal forma insuportável que as imagens engraçadas que mandei só agravava o teu mal-estar. Apercebemo-nos da nossa tristeza miserável quando a graça não nos toca, o belo não nos enternece e a angústia alheia não nos comove. Vejo-te do outro lado da margem e tento atenuar a tua aflição com palavras doces, lúcidas, compreensivas, racionais, embora eu saiba que será em vão.
Cheguei à conclusão de que a infinita ausência de ti ao longo destes anos era um véu que cobria outras ausências mais duras e inconscientes que a minha alma queria a todo o custo evitar observar. A veia romântica achou que sofrer pela ausência de um amor impossível seria mais nobre, e escrevê-la poderia ser um último grito de libertação. Agora vejo tudo com mais nitidez, sem realmente conhecer a semente de onde tudo isto gerou, não é possível nenhuma redenção, ou o vago sabor dela seria uma efémera ilusão.
Gostava que pudesses compreender que és tu a criadora do teu universo de dor e que só tu poderás pôr fim a isso... Mas como fazê-lo se teimas em achar que só a outra pessoa te fará feliz? Só posso dizer-te que only time can heal what reason cannot (Seneca).
1 de Outubro de 2012
Querida Teresa,
Mudei de ideias e escrevi-te, fui ao teu encontro com um coração aberto nas mãos, sem nada a querer em troca. Alegraste-me com a tua alegria e sei que é isto que devo fazer, pois se digo que gosto de ti, há que mostrá-lo, palavras bonitas leva-as o vento - deixei de querer ser poetisa, amante impossível, sonhadora acordada; agora quero ser apenas tua amiga, amiga a valer, que sofre com o teu sofrimento e rejubila com a tua felicidade. Não se consegue obrigar ninguém a amar-nos ou a deixar de nos amar. A amizade é uma ramificação do amor, igualmente bela, e até menos complicada. Nesse sentido, não tenho razões para me lamentar, julgo que a nossa relação atingiu um equilíbrio que jamais pensaria que pudesse ser. Sinto-me bem assim, sem ansiedades, julgamentos, críticas, queixumes; sinto que agora estou em condições de gostar de ti com inteireza, integridade e leveza - só este tipo de amor dura e vale a pena cultivar. Estamos livres, deixemos as âncoras para os egoístas e os inseguros.
Wednesday, September 26, 2012
26 de Setembro de 2012
Querida Teresa,
Já viste, a vida é mesmo irónica. Há mais de uma década que teço lamentações e auto-destruições aqui só porque te queria ler, agora que me escreves todos os dias, resolvi colocar um ponto final. Perdoa se não consigo conviver contigo e com a tua paixão secreta, nunca gostei de práticas a trio, seja lá o que for. Depois de tanta espera e dedicação, não aceito ser aquela que te ouve atentamente, tentando controlar o que o ego me diz - és mesmo uma estúpida! queres ficar mais dez anos à espera que essa paixão passe, vais ficar na fila até quando? achas mesmo que vale a pena?! - e não consigo continuar a ser a tua única confidente desta história trágica que vives, que absorve toda a luz possível, deixando apenas trevas e angústia. Não Teresa, sei muito bem o que quero e o que quero difere e está nas antípodas dos teus desejos. Quero um Amor-Sol, que brilha o caminho por onde passo, que enaltece o milagre da vida, que projecta para o equilíbrio e a harmonia, que me dá razões para viver e não para morrer.
Apercebi-me de que não sabes amar dessa forma e que nunca terei a coroa de musa que tu ofereceste a outra pessoa. Enfim, perdoa o meu egoísmo, não poderia consentir que me arrastes contigo no rio da depressão, estou cansada e farta de sofrer, i'm done. E sinto-me bem em poder dizer isto, em poder escolher o meu caminho sem vacilar, acabou-se a peça "O Monólogo de uma Vítima de Amor Impossível", porque afinal até seria possível, talvez se esperasse mais uma década, duas, três, pois não acredito que essa pessoa vá esperar-te no final da estrada, como eu.
Tuesday, September 18, 2012
Tuesday, July 24, 2012
24 de Julho de 2012
Querida Teresa,
E é assim que regressaste ao teu país de silêncio, distante e inacessível para mim. Aceito o teu afastamento embora não compreenda, talvez tenha criado demasiado expectativas. Não será possível criar uma amizade sólida assim, muito menos algo para além dela, somos diferentes e sobretudo não tens disponibilidade para mim. Para manter qualquer relação é preciso isso, mostrar afecto, seja pelas palavras ou acções. Talvez nunca me tenhas visto como uma amiga, mas então qual é o motivo dos teus e-mails inesperados? Who cares.
O teu silêncio abrupto também é positivo, torna-se um travão ao meu entusiasmo, à minha alegria e obsessão de te ler; exige que eu medite sobre o que está a acontecer para que a paz volte a reinar a alma. Estou bem, independentemente do que possas fazer ou não fazer, e creio que este processo se chama estar a envelhecer, no sentido positivo da palavra associado à tranquilidade, sabedoria e confiança, o que gosto bastante.
Sunday, July 15, 2012
15 de Julho de 2012
Querida Teresa,
Curioso como há dois dias pediste-me notícias. Tens perpassado a minha mente como um relâmpago inesperado do estio, e eu deixei querer segurar-te firme nas minhas mãos oxidadas de tanto estar ao lume. Respondi-te tranquilamente, mas penso na possibilidade de me ver novamente encurralada na espiral da aflição cujo cheiro já está registado no meu ADN de amante-de-coisas-impossíveis. Contudo, estou serena e relativamente confortável caso o confronto com o teu silêncio seja aberto; tornei-me tolerante e experiente em travar relações diplomáticas com a tua ausência. A palavra-chave é a espera. Sou nova, paciente, idealista, nada me impede de continuar a esperar, a sonhar com qualquer coisa especial entre nós duas, embora não saiba ao certo se isso é o mais certo...
Monday, June 25, 2012
Wednesday, January 25, 2012
25 de Janeiro de 2012
Querida Teresa,
Ao receber um lembrete do blog pela existência de um novo comentário, fez-me vir aqui falar contigo. Embora não tenha vindo com regularidade, a tua imagem abala o meu pensamento de vez em quando, como um rasgo fulminante, um súbito clarão que petrifica o meu corpo. Habituei-me ao teu silêncio, abracei-o sem resistência como se fosse uma doença sem cura, uma fatalidade irremediável. Assim, vivo em paz, nunca pensei em poder dizê-lo; nunca pensei que poderia viver harmoniosamente com um amor deste género (e de outros...) dentro de mim. Consegui abdicar o papel de vítima, de amante que sofre pela distância, pela ausência, pela impossibilidade de experienciar este amor em plenitude. Pois, o sofrimento nada tem de belo, a fraqueza não inspira admiração, a obsessão compulsiva é por si um ciclo vicioso; só o equilíbrio e a harmonia podem embelezar o amor, atrair boas energias, pensamentos positivos, espíritos resplandecentes. Só amando-nos seremos capazes de amar o outro com júbilo e justa proporção. Se me rebaixo constantemente, mesmo que passasses por mim, os meus olhos estariam obstinadamente cravados no chão e não vou conseguir contemplar a beleza total e absoluta da tua face. Gostava apenas de te olhar por uns instantes e sorrir: seria um sorriso de gratidão por existires, pois o amor que tenho por ti é uma das flores mais belas que pude colher, nesta jornada da minha vida, ainda breve mas profunda e intensa.
Friday, October 14, 2011
14 de Outubro de 2011
Querida Teresa,
Durante os meses de Verão trocámos alguns e-mails interessantes, se a memória não falha, foi a partir do momento em que me pediste um conselho para ajudar uma amiga tua, que sofria de depressão. Depois o teu trabalho começou, o pouco tempo que poderias dedicar em responder aos meus e-mails diminuiu significativamente, e eu também não insisti que as coisas fossem de outra forma. Não digo que tudo se me tornou indiferente, apenas aceito todos os gestos teus com naturalidade, sem doses excessivas no que toca ao pensamento e à emoção.
Não deixei passar o teu dia de anos em silêncio, ficaste feliz pelo facto de me ter lembrado. Dois dias depois era a minha vez de receber o teu brinde e deste-mo com o teu esquecimento. Não digo que me és indiferente, mas a tua indiferença é demasiado corrosiva, o amor está contorcendo de mágoa, morrendo lentamente.
Monday, August 15, 2011
15 de Agosto de 2011
Querida Teresa
Estava de volta ao meu sossego quotidiano, fisicamente longe de ti e dos pensamentos que me causavam ansiedade e depressão, pela impossibilidade de ser feliz sem a tua presença. Já não esperava pela tua resposta aos meus e-mails, o teu silêncio não me entristecia, habituaste-me a lidar com isso com ligeireza e naturalidade. Eis que me envias um e-mail a pedir um conselho. Fiquei radiante todo o dia como se tivesse engolido o sol de um só trago. Sabes que sou um ser naturalmente pensante e propenso às divagações filosóficas, penso como é possível exerceres uma tal influência em mim, quando me ignoras despudoradamente durante tantos anos e regresso a ti num ápice, sempre que quiseres? A questão é que nunca parti, tenho estado sempre à espera e há-de ser sempre assim. Às vezes consigo ser lúcida, pensar sem o olho da paixão a atormentar-me, e vendo as coisas mais claras chego à conclusão de que não tens nada de extraordinário, excepto a tua beleza física. Afinal, o que me ata a ti de uma forma indelével?
Monday, July 18, 2011
18 de Julho de 2011
Querida Teresa
Tem chovido nestes últimos dias, tenho conseguido encontrar paz de espírito no meio do turbilhão comercial, industrial e da correria dos afazeres domésticos e familiares. Não há um único dia em que não vá reler os teus e-mails como se fossem um afago e um consolo para a minha alma sedenta da tua estima. Mesmo que não me digas mais nada, o pouco que escreveste é-me suficiente, basta para sustentar a nossa amizade por mais um longo período de ausência. No fundo, não é necessário que venhas a saber dos meus sentimentos, provavelmente já o sabes, pois conheces-me bem e estás bem informada sobre a medida da minha lealdade que é desmedida. O meu sentimento, que passou por provas do tempo e do fogo, vale por si só, vale mais do que todos os amores que tiveste ou venhas a ter...
Saturday, July 09, 2011
9 de Julho de 2011
Querida Teresa
Passou apenas um dia quando partiste para respirar o ar puríssimo das montanhas, sentir a temperatura gélida cortante e a adrenalina viva do esqui. Eu estou presa nesta cidade cosmopolita, cinzenta de betão e de fumo, atulhada de gente pouco civilizada mas pujante de fortes odores corporais. O que dava luz, cor e vivacidade a esta terra era a tua existência nela, era a ideia entusiasmante de poder encontrar-te a qualquer momento. Agora tudo se me tornou indiferente. Quando regressares, já eu estaria em Portugal, voltarei à normalidade dos dias e das ocupações mais úteis. Espero com ansiedade que me escrevas, que me envies fotografias da tua viagem - não me desiludas desta vez. Vou agora embriagar-me nas leituras, é a única coisa enriquecedora que se pode fazer aqui.
8 de Julho de 2011
Querida Teresa
Trocámos correspondência electrónica nos últimos dias, por isso hoje soube da tua partida para o outro lado do Pacífico, para umas férias merecidas. Escrevi-te um longo e-mail a falar da minha vida, dos meus pensamentos, dos meus planos futuros, e espero uma resposta tua quando regressares. Tenho saudades de te ler, de te ver, de te ouvir, da alegria imensa e do êxtase divinal sempre que nos encontramos. Não vou lamentar pelo destino cruel que nos separa durante um ano inteiro e me concede apenas 5 minutos da tua presença e companhia num dia ao acaso de verão. Pois estes breves minutos eternizam um momento cujo sabor da memória jamais perecerá enquanto eu respirar. Sou plenamente feliz nesse curto espaço, enquanto há gente que nunca o será. Não tenho razões para evocar a tristeza, o desespero, a angústia de um amor impossível, proibido, não correspondido, pois se tiver a tua amizade e receber um olá teu de vez em quando, é o suficiente para eu ter uma ideia do que é navegar no mar abençoado de felicidade.
Wednesday, July 06, 2011
7 de Julho de 2011
Querida Teresa
Escrevo-te com uma breve alegria cintilante a trespassar a minha manhã clara de ouro sobre o azul do céu. A minha alma está em harmonia com a natureza, com os meus pensamentos, com as minhas palavras, com as minhas acções, porque tudo me impele a ti - ao teu sorriso miraculoso, ao teu rosto de Narciso eternamente jovem e perfeito. Oiço o bulício da manhã, o cântico dos pássaros, contemplo a beleza e a força da majestosa montanha que se me revela não em plenitude mas numa parcela dela, pela imposição de infra-estruturas altíssimas capazes de arranhar o céu, produzidas em série como cogumelos venenosos. Mas estou em comunhão com o que há de mais sagrado da Natureza: os animais, as árvores, as águas, as nuvens, o ar, que no fundo são o que influi vida e energia à nossa vida, hoje em dia vivida de uma forma mesquinha, egoísta e inconsequente. Mas falemos de ti, falemos de nós. Nada pode haver de mesquinho, egoísta e inconsequente na nossa relação, pois quero-a enaltecer, sublimar, divinizar em um amor multiplicado, duradouro e capaz de estremecer os corações mais rudes. Ontem escrevi em jacto dois poemas que te são dedicados. Há muito que não escrevia em verso, a minha fraca veia poética só palpita com o teu canto e é domada com a tua lira. Pude expressar a minha inquietação na sua forma mais plena, que é através da poesia, e pude fazê-la chegar até ti. A poesia tem sempre sido a única ponte possível entre os nossos corações que comungam o mesmo destino abissal. Enviei-te, portanto, um e-mail sem certezas de uma resposta, mas que acabou por chegar à minha caixa de correio; quando a abri vi o teu nome a tremeluzir de fulgor, enunciando um milagre. Três linhas que transformaram a noite em dia, a minha alma de sargaço em rica de espírito primaveril. Medito agora uma resposta perfeita, capaz de fazer-te regressar aos meus dias, dando-lhes um sentido redobrado de ternura, poesia, fé, esperança.
Sunday, July 03, 2011
4 de Julho de 2011
Querida Teresa
Espasmos de melancolia têm vindo a sobressaltar o meu espírito depois de te ver, e uma ânsia traquila percorre o meu corpo terno de clamorosa juventude e de insubmissa paixão. Todavia não temo pela impossibilidade de te não rever, não vacilo trémula ante o precipício de um fim há muito decretado por ti - deusa toda poderosa que escreve impacientemente por linhas tortas o livro do meu destino. Porém, continuo a fazer-te oferendas de sacrifício do que há de melhor em mim, no altar magnificente do espaço sideral invisível aos olhos desapaixonados, turvos pela harmonia risível do comodismo, da monotonia, da rotina, da apatia. Por isso, ninguém te vê em mim, só eu te vejo no espelho e te sinto palpitar na infinita espiral bojuda do meu dedo indicador. É aí que surges em palavras quando escrevo já no limiar da angústia liquefeita em pó; é aí que tudo recomeça, quando entoo o hino do amor subtil e faço a dança xamânica para expelir o que é nocivo entre nós. Depois o clamor do desespero deixa de ter importância, já mal o oiço, e a maravilha do amor honesto traça uma linha reluzente, esplendorosa, sagrada entre a eternidade e o agora.
Friday, July 01, 2011
1 de Julho de 2011
Querida Teresa
Voltei há uma semana para esta minha estimada cidade, cada vez menos minha, cada vez mais corrompida por um cosmopolitismo que não se coaduna com uma população cuja cultura milenar sempre fora centrada na simplicidade, nos ritos e nas superstições. Em cada esquina e ruela apertadas ressoam o sino da cidade do meu passado, longínquo e perto ao mesmo tempo, como se a menina que eu era, correndo alegremente a calçada livre de pegadas forasteiras de hoje, ainda residisse aí. Todavia sei que a essência deste pequeno mundo transformou radicalmente para algo que não sei definir, porque me é totalmente estranha. Por isso, trago um rasgo de amargura no meu olhar que perdura no meu sorriso quando reencontro familiares e conhecidos na rua.
Curiosamente não tive uma réstia de intenção de ir ao teu encontro, como em outrora. Sabes que ao longo de anos e meses de silêncio, sempre propositadamente cultivado da tua parte, e de circunstâncias naturais mas adversas e inesperadas que passei, fizeram com que hoje me sinta diferente e tenha a visão do mundo e das coisas também diferente. Não te vou explicar detalhadamente do que sucedera, pois conviria acontecer numa conversa a duas, pessoalmente, para que tu possas saber e sentir do que estou a dizer. O que importa aqui referir, é o facto de, sem esperar e sem desejar te vi e te encontrei. Um pouco mais de 14 horas atrás, surgiste inesperadamente, esbelta, subtil, leve, reluzente, miraculosa, bela até doer - sorrindo. Quando te vi, pude aperceber-me em total plenitude cada metamorfose que os amantes são forçados a passar, quando a seta do Cupido os fere profundamente, sem dó nem piedade. Pensei que a minha seta já tivesse sido extraída e a ferida cicatrizada com o tempo, com outros rostos, corpos, beijos humedecidos. Tentei com algum esforço em ter graça sem ser engraçada, comunicativa sem dizer nada de relevante, esconder o meu embaraço que se avivava com o pulsar frenético do meu coração a quedar em pique. Lembro-me de outras visitas que te fizera no passado, nunca me concedias mais do que 5 minutos, desta vez ouviste-me falar atentamente, pela primeira vez senti que não estavas a escorraçar-me. Provavelmente deveu-se ao facto de conseguir controlar a minha timidez e desapegar-me à ideia de que és a deusa imortal e invencível dos meus sonhos mais recônditos. Posso continuar a pensar dessa forma, e indubitavelmente penso, mas agir como se tal não tivesse importância; pois é tudo uma questão de auto-controlo e de chamar a voz da razão para abafar a da emoção que descarrila desvairadamente.
Depois já não consegui parar de pensar em ti, de suspirar, de esperar que mais um encontro ocasional pudesse acontecer, porque não vou chamar-te pela minha voz, não vou abarcar-te com os meus braços, não vou seguir os teus passos com os meus. Pois, se eu os fizer, já não seria a mesma coisa, já não reagirias da mesma forma, já não valerá a pena. Assim, espero-te, como sempre, porque mesmo que não surjas em pessoa, em qualquer parte do mundo eu vejo-te com clara nitidez: "Em todas as ruas te encontro, em todas as ruas te perco".
Thursday, April 07, 2011
7 de Abril de 2011
Querida Teresa
hoje não recebi palavras tuas que pudessem terminar o meu dia em perfeição. Uma parte de mim desconfiava que isso possa acontecer, e outra parte teimava em segurar a esperança com as mãos enfraquecidas e vazias. Pois, talvez tivesse excedido na minha sinceridade relativamente ao que senti depois de te (re)ver, tivesse revelado demasiado cedo e de forma nada subtil, o meu desejo veemente de te agradar. Nada disse que não fosse a verdade, porém. Talvez devesse ter refreado a sofreguidão da minha pena e mantido a distância cordial entre duas amigas de bem. De qualquer modo, minha Teresa, não me desespero, antes pelo contrário, quanto mais te calas, mais a voz do meu coração se faz ouvir; quanto mais te afastas, mais te sinto próxima do meu pensamento; quanto mais me ignoras, mais forte e sublime se torna o meu amor imperecível. Sabes que te espero, em qualquer esquina hipotética deste vasto universo, sempre com um sorriso reluzente a iluminar-nos nas trevas.
Wednesday, April 06, 2011
6 de Abril de 2011
Querida Teresa
Está um dia maravilhoso e luminoso, inspirando esperança e uma alegria zen. Digo isso, em parte, porque temos conversado ao longo destes dias, tenho recebido os teus e-mails, que muito me honram e alegram. Enviaste-me, inclusivamente, uma fotografia recente, devo dizer-te que te vi com o coração tremeluzente, inundado de júbilo, quase sagrado. A minha alma há-de prostar-se aos teus pés para todo o sempre, porque a partir do momento em que te vi, ela te pertenceu. O tempo é o melhor testemunho de como nem a ausência, a indiferença, o silêncio, o esquecimento da tua parte, puderam diminuir ou desgastar o meu sentimento por ti. Eis-me, aqui, de novo, a louvar a tua beleza, a resplandecer a tua grandeza, a seguir-te com lealdade e respeito, até aos confins do mundo.
Wednesday, March 30, 2011
30 de Março de 2011
Querida Teresa
nem posso acreditar que me respondeste ao e-mail que te enviei há dois dias atrás. Como sempre, ocupada e mulher de poucas palavras. Antes de te ler, um tremor surpreendeu o meu coração, desabituado a sensações fortes. Não vou escrever-te e maçar-te com a minha ânsia doentia de te ler, como dantes, pois isso só nos leva à separação e ao aborrecimento. Vou deixar que a saudade volte a inundar os meus sentidos do aroma do teu amor impossível, e aí tudo o que escrever fará mais sentido. Só o facto de saber que "adoraste" o meu e-mail e me agradeceste, é o suficiente para alimentar e nutrir este coração jovem e vivo, que será sempre teu.
Monday, March 28, 2011
28 de Março de 2011
Querida Teresa
há muito tempo que deixei de escrever, embrenhada em outras tarefas menos poéticas e inspiradoras, e tu deves saber melhor do que eu, como isso é necessário mas amargo. Dizias que gostavas de um dia escrever como eu, e eu não podia acreditar que alguém como tu - mulher bela, sedutora, perfeita - me poderia elogiar, seja do que for. Eu não podia aliar-me à cegueira e à falta de auto-estima para te conquistar, mas o equilíbrio, a harmonia e a justa medida tão difícil de alcançar, que os clássicos promoviam. Hoje sei disso e já é tarde. Não te vejo, não te sinto; não porque estás mais longe do que dantes, mas o que nos unia, desvaneceu naturalmente, como o ciclo eterno de todos os seres. Agora terei de esperar-te na próxima vida, pode ser que eu venha a ser mais hábil em assegurar um lugar especial no teu coração: o lugar almejado por muitos com certeza, e só de pensar que em tempos tive o privilégio de me abrigar aí, alegro-me com infinita gratidão.
Friday, December 17, 2010
17 de Dezembro de 2010
Querida Teresa
Na noite passada sonhei contigo, coisa rara de se ver! Conta-se pelos dedos as vezes em que isso aconteceu. Um misto de maravilha, de estranheza, até de mal-estar apoderou-se da minha alma, pois no sonho uma aproximação íntima, não só a nível emocional, realizou-se de forma tão clara e comovente, que me deixou sem saber o que pensar. Será que algo se passa nesse lado? Fui ver à caixa de correio quando é que me falaste pela última vez: foi em 2007. Os e-mails posteriores que te enviei com desespero agudo, com desespero silenciado ficaram. A ausência da tua resposta deu-me a entender que é tempo para te deixar em paz, como poderia ir contra a tua vontade? Se quando amamos devemos ter em conta o desejo da outra pessoa, antes dos nossos próprios anseios, caso não ferisse a nossa dignidade, aqui estou, para te dizer precisamente isto: quando quiseres, eu estarei à tua disposição, seja para o que for.
Thursday, July 08, 2010
8 de Julho de 2010
Querida Teresa
cheguei da nossa cidade há pouco tempo, como anunciei aqui não fui à tua procura, embora nos últimos dois dias a vontade de te rever fosse imensa, e só de imaginar a tua surpresa (encenada ou não), os teus gestos, as tuas palavras, enfim, tudo relacionado contigo que pesa docemente em mim, ficava com a pulsação descontrolada. Sempre que passava pelos lugares onde te poderia ver, pousava o meu olhar atentamente durante muito tempo, quem sabe não me irias surpreender? Mas só encontrei pessoas que te conhecem, teus colegas do trabalho, notei que já estão mais envelhecidos: cabelos brancos despontavam sem dó nas suas cabeças e nas suas barbas. Mesmo que estejas também assim, não é por isso que a tua beleza fica diminuída, muito menos o que sinto por ti poderia transformar com tão pouca coisa.
Talvez daqui a uns anos, sentir-me-ei digna de te olhar: olhos nos olhos.
Tuesday, June 08, 2010
8 de Junho de 2010
Querida Teresa
Apeteceu-me vir falar contigo, apesar de saber que não me ouves, não me respondes, não me lês - não me queres na tua vida. Que importa? Falo com a Teresa de há onze ou doze anos atrás, nem sei, já perdi a conta. Escrevo para ela, que é delicada, sensível, generosa, aquela que possui a Beleza, o dom da palavra, a capacidade milagrosa de nada dizer e tudo ser. És a portentosa Vénus que embala os mortais só com o virar dos olhos; és a magnífica Medusa que petrifica os corações inconsoláveis com um sorriso rasgado; és a minha Teresa, a única e insubstituível que destrona todas as deusas da mitologia, porque não foste inventada nem polida pela pena dos poetas, tu vives e respiras com alegria e tristeza naquele pontinho extremo da Terra.
Sempre que quero vejo-te claramente visto porque a minha alma é o chão por onde pisas. Sempre que preciso desenho o teu sorriso na minha mão porque a linha da vida e da morte são os contornos finos dos teus lábios. Sempre que tento ouvir a tua voz basta estar atenta porque os cânticos da Natureza são límpidos e belos como a tua voz.
Como agora, neste momento que chove lá fora, sinto-te perto a irradiar luz e energia. Dás-me forças, coragem, empurras-me para a frente com o teu desprezo para que um dia eu possa voltar o rosto e olhar-te fixamente sem fraquejar.
Apeteceu-me vir falar contigo, apesar de saber que não me ouves, não me respondes, não me lês - não me queres na tua vida. Que importa? Falo com a Teresa de há onze ou doze anos atrás, nem sei, já perdi a conta. Escrevo para ela, que é delicada, sensível, generosa, aquela que possui a Beleza, o dom da palavra, a capacidade milagrosa de nada dizer e tudo ser. És a portentosa Vénus que embala os mortais só com o virar dos olhos; és a magnífica Medusa que petrifica os corações inconsoláveis com um sorriso rasgado; és a minha Teresa, a única e insubstituível que destrona todas as deusas da mitologia, porque não foste inventada nem polida pela pena dos poetas, tu vives e respiras com alegria e tristeza naquele pontinho extremo da Terra.
Sempre que quero vejo-te claramente visto porque a minha alma é o chão por onde pisas. Sempre que preciso desenho o teu sorriso na minha mão porque a linha da vida e da morte são os contornos finos dos teus lábios. Sempre que tento ouvir a tua voz basta estar atenta porque os cânticos da Natureza são límpidos e belos como a tua voz.
Como agora, neste momento que chove lá fora, sinto-te perto a irradiar luz e energia. Dás-me forças, coragem, empurras-me para a frente com o teu desprezo para que um dia eu possa voltar o rosto e olhar-te fixamente sem fraquejar.
Saturday, March 06, 2010
"O tempo tira ao amor a novidade, a ausência tira-lhe a comunicação, a ingratidão tira-lhe o motivo." Padre António Vieira
Wednesday, January 06, 2010
6 de Janeiro de 2010
Querida Teresa
São 101 mensagens que aqui estão ao todo, para te louvar hoje, ou melhor, para abençoar a tua infinita ausência, que paradoxalmente deu sopro vivo e vigoroso ao que sinto, e deu sentido a este espaço - consabido já por muitos, e aparentemente acolhedor para aqueles que têm uma palavra a dizer. Nesse sentido, já não penso que escrevo por ti, não anseio a tua vinda miraculosa - como uma deusa que desce do longínquo Olimpo para a terra - para aqui, e esperar que te enterneças pela minha longa, profunda e (in)frutífera dedicação e estima. Escrevo para os que me ainda queiram ler, os que importam com a minha palavra, que não é vã nem a levará o vento, pois não só é uma tentativa de reflectir o mar turbulento interior, mas também o reflexo límpido dos outros mares - que igualmente abarcam procelas temerosas.
Louvo o teu silêncio, a tua ausência, a tua indiferença, a tua ingratidão, pois reverberam a minha lealdade, a minha tenacidade, a minha determinação.
Friday, September 11, 2009
11 de Setembro de 2009
Querida Teresa
Nem acredito que tive coragem de te procurar no meu último dia de estadia na nossa terra. Estás extraordinariamente bela como sempre, e eu não cresço por fora como tu dizes. Foram cinco minutos que pudeste dispensar para me falar, tão pesadas que aqui ficam e eternizam. De facto, não sei por que não mudo... Nem o nosso Camões que canta a mudança das vontades me pode consolar.
Tuesday, July 14, 2009
14 de Julho de 2009
Querida Teresa
As férias têm-me trazido uma certa moleza e indisciplina para o trabalho intelectual. Acordo tarde nas folgas, deixo-me arrastar pelas trivialidades e esqueço-me do que é realmente importante. Curiosamente nestes últimos dias tenho pensado em ti, das centenas de e-mails que trocámos, das tuas palavras milagrosas capazes de suavizar a aridez dos meus dias ou de ressequir a pouca alegria da minha alma. Revi as tuas fotografias, sempre deslumbrante, segura, sorridente - mulher de beleza estática e avassaladora.
Jurei dedicação eterna no cultivo deste sentimento que tão bem conheces há dez anos. Jurei também que a tua beleza será única e insubstituível, mesmo que o teu rosto venha a ser encarquilhado e correado, e o teu corpo volumoso e disforme, sempre te verei como pela primeira vez. O silêncio, a ausência e a distância apenas enfatizam e credibilizam a minha promessa.
As férias têm-me trazido uma certa moleza e indisciplina para o trabalho intelectual. Acordo tarde nas folgas, deixo-me arrastar pelas trivialidades e esqueço-me do que é realmente importante. Curiosamente nestes últimos dias tenho pensado em ti, das centenas de e-mails que trocámos, das tuas palavras milagrosas capazes de suavizar a aridez dos meus dias ou de ressequir a pouca alegria da minha alma. Revi as tuas fotografias, sempre deslumbrante, segura, sorridente - mulher de beleza estática e avassaladora.
Jurei dedicação eterna no cultivo deste sentimento que tão bem conheces há dez anos. Jurei também que a tua beleza será única e insubstituível, mesmo que o teu rosto venha a ser encarquilhado e correado, e o teu corpo volumoso e disforme, sempre te verei como pela primeira vez. O silêncio, a ausência e a distância apenas enfatizam e credibilizam a minha promessa.
Thursday, June 25, 2009
25 de Junho de 2009
Querida Teresa
Hoje o tempo inspira para a escrita, em outrora dizias: está um dia de poemas. E de facto é, um tempo para a melancolia sair do seu casulo que é a alma, vir respirar ao mundo, esticar os membros, deixar as suas pegadas e recolher-se. Venho deixar hoje as pegadas da melancolia, palavras que ficam e não se dissolvem com o tempo, nem com o teu esquecimento tão hábil.
Hoje estou extraordinariamente serena e convicta do caminho que pretendo seguir. Mais um ano terminarei a minha licenciatura e já faço planos para seguir outra, de modo a preparar-me: acumulando "munições" no aperfeiçoamento da destreza intelectual para a minha grande tese. Não há dúvidas de que nasci para estudar, e o trabalho de estudante é o mais nobre como dizia um autor barroco. Faz-se com prazer, com saber apesar de muito esforço porque é um trabalho sem fim, mas é precisamente aí que reside o fascínio e o desafio.
Acredito que um dia que eu tiver firme orgulho de mim e que seja admirada, serei capaz de olhar-te sem temor.
Wednesday, June 17, 2009
17 de Junho de 2009
Querida Teresa
Que estranho estar a escrever-te por ter perdido uma aposta. Em outrora achava tal ideia descabida, infame, herética; hoje sorrio impassível e livre perante ela, e sobre a tua existência diluída silenciosamente entre os escombros das minhas ocupações sem fim. Deixaste definitivamente de existir, assim como a face de um Eu destrambelhada, idealista, delirante que sorvia fanaticamente a tua imagem, os teus gestos, as tuas palavras sepultados no jazigo do passado irrecuperável. É a consequência do despertar para a realidade e o pragmatismo positivista. É a morte dos sonhos fantasmagóricos elevados ao céu, desnivelados com a vida, e também com o corpo que respira legitimamente de anseios e pretensões. A dança solitária de longos anos, de pés amputados pelo teu silêncio e desprezo agudos terminou finalmente - resultado da exaustão de gritos abafados, contidos, retidos.
Se te visse, não sabia o que te dizer. Já disse tanto e tudo, que nunca me quiseste ouvir. Talvez um sorriso bastasse, um sorriso de desprendimento pela tua mortalidade e finitude reveladas.
Tuesday, February 17, 2009
17 de Fevereiro de 2009
Querida Teresa
Oiço o meu CD eleito de Chopin para te escrever de modo condigno e intenso; rebuscar o aroma humedecido e denso da nossa pequena cidade, a que te encontras neste instante, a que me acolherá em breve. É curioso como desta vez não me assalta o entusiasmo ou o terror de te rever, não me angustia a dicotomia que há tantos anos me afligia o coração: escrevo-lhe, não lhe escrevo; telefono-lhe, não lhe telefono... O meu pobre coração lasso decidiu pulsar com veemência por outras coisas de maior ou menor importância, dependendo da perspectiva de quem as avalia. Estamos de facto muito longe uma da outra, creio que durante estes anos todos de obsessão dolorosa, nunca o apartamento criou raízes sólidas como estas, que me impelem ao teu esquecimento. O teu silêncio profundo e cáustico dominou os estos derradeiros do meu coração. Quem diria, querida Teresa, que conseguirias vencer e domesticar o sentimento indomável que te prometi ser eterno e imperecível? Não te animes antecipadamente, porque o dia em que me sentir estar à tua altura, digna de exibir em pleno o meu amor por ti, saberás o quanto estavas enganada. Ouve-me: nem que seja daqui a cinco, dez, quinze, vinte anos. Espera por mim.
Oiço o meu CD eleito de Chopin para te escrever de modo condigno e intenso; rebuscar o aroma humedecido e denso da nossa pequena cidade, a que te encontras neste instante, a que me acolherá em breve. É curioso como desta vez não me assalta o entusiasmo ou o terror de te rever, não me angustia a dicotomia que há tantos anos me afligia o coração: escrevo-lhe, não lhe escrevo; telefono-lhe, não lhe telefono... O meu pobre coração lasso decidiu pulsar com veemência por outras coisas de maior ou menor importância, dependendo da perspectiva de quem as avalia. Estamos de facto muito longe uma da outra, creio que durante estes anos todos de obsessão dolorosa, nunca o apartamento criou raízes sólidas como estas, que me impelem ao teu esquecimento. O teu silêncio profundo e cáustico dominou os estos derradeiros do meu coração. Quem diria, querida Teresa, que conseguirias vencer e domesticar o sentimento indomável que te prometi ser eterno e imperecível? Não te animes antecipadamente, porque o dia em que me sentir estar à tua altura, digna de exibir em pleno o meu amor por ti, saberás o quanto estavas enganada. Ouve-me: nem que seja daqui a cinco, dez, quinze, vinte anos. Espera por mim.
Monday, January 05, 2009
5 de Janeiro de 2009
Querida Teresa
Os dias correm céleres, sem deixar nenhum rasto para que eu possa agarrar e dizer: eis o sentido da minha existência. Corro atrás do tempo, das responsabilidades sociais, dos velhos sonhos, dos eternos fantasmas interiores, sempre atrasada, e por vezes exausta. Corro sem saber porquê. Faço um intervalo nesta corrida desenfreada para te falar agora. Porque daqui a uns instantes a azáfama dos papéis me chamariam, e eu deixaria de ouvir o canto do Orfeu, de ver a dança das musas, de entrar no universo da palavra onde pode caber o infinito e o indizível. O facto de não te evocar sistematicamente ou não te perseguir diariamente é porque talvez tenha compreendido a belíssima Ode VI de Camões - pode um desejo imenso arder no peito tanto... Não necessito de te ver, de nos falarmos, para que o amor floresça em pleno. Há a visão espiritual e intelectiva que Santo Agostinho proclamava, e eu espero conseguir chegar lá um dia.
Thursday, October 23, 2008
23 de Outubro de 2008
Querida Teresa,
Deixa-me saudar-te com a força do sol esplêndido, que neste momento me arrebata a inspiração com o seu calor. Está efectivamente um dia bonito, em que apetece estar em casa e não me fechar num cubículo de ferro, aço, madeira para no final do mês ter uns míseros euros para a sobrevivência. No entanto, isso é tão necessário como o alimento da alma e do espírito que é a escrita - não só de pão vive o homem mas não se vive apenas de utopias nem de fantasias. Quando tinha dezassete anos julgava que era possível viver e morrer por tua causa, pelos vistos, dez anos depois continuo a respirar com urgência como um clarão. Tenho em mente alguns projectos, ando a esboçar textos, versos, ideias tão refulgentes que chegam a arder as minhas mãos. Trago-as acesas, quentes, sedentas de palavras, as que transbordam do meu corpo para o papel, as passíveis de reclamar o teu regresso.
Deixa-me saudar-te com a força do sol esplêndido, que neste momento me arrebata a inspiração com o seu calor. Está efectivamente um dia bonito, em que apetece estar em casa e não me fechar num cubículo de ferro, aço, madeira para no final do mês ter uns míseros euros para a sobrevivência. No entanto, isso é tão necessário como o alimento da alma e do espírito que é a escrita - não só de pão vive o homem mas não se vive apenas de utopias nem de fantasias. Quando tinha dezassete anos julgava que era possível viver e morrer por tua causa, pelos vistos, dez anos depois continuo a respirar com urgência como um clarão. Tenho em mente alguns projectos, ando a esboçar textos, versos, ideias tão refulgentes que chegam a arder as minhas mãos. Trago-as acesas, quentes, sedentas de palavras, as que transbordam do meu corpo para o papel, as passíveis de reclamar o teu regresso.
Tuesday, October 21, 2008
21 de Outubro de 2008
Querida Teresa,
Hoje reencontrei uma velha amiga nossa; é curioso como o tempo consegue albergar em si tamanha contradição: simultaneamente nos perpassa trazendo na sua foice a velhice, os dissabores e os achaques, assim como as amizades afinal indeléveis, que teimam em firmar a sua posição ante as pregas do rosto e a intumescência abdominal. Não houve ensejo para discorrermos as páginas nem sempre felizes dos velhos tempos, mas senti de facto a tal suavidade em nada se dizer e tudo se entender que falava o mestre. Este reencontro não só me trouxe essa sensação fantástica do tempo intacto relativamente à amizade, mas também me levou até ti, às recordações eivadas de sentimentos contraditórios onde a felicidade e o desespero eram duas faces da mesma moeda. Não lamento o silêncio que se apossou da tua boca, nem das tuas mãos, porque não hei-de permitir que o teu silêncio se apossa da minha esperança e da minha vontade, transformá-las em angústia e desesperança. Todavia, sabes que estarei onde tu me quiseres encontrar.
Hoje reencontrei uma velha amiga nossa; é curioso como o tempo consegue albergar em si tamanha contradição: simultaneamente nos perpassa trazendo na sua foice a velhice, os dissabores e os achaques, assim como as amizades afinal indeléveis, que teimam em firmar a sua posição ante as pregas do rosto e a intumescência abdominal. Não houve ensejo para discorrermos as páginas nem sempre felizes dos velhos tempos, mas senti de facto a tal suavidade em nada se dizer e tudo se entender que falava o mestre. Este reencontro não só me trouxe essa sensação fantástica do tempo intacto relativamente à amizade, mas também me levou até ti, às recordações eivadas de sentimentos contraditórios onde a felicidade e o desespero eram duas faces da mesma moeda. Não lamento o silêncio que se apossou da tua boca, nem das tuas mãos, porque não hei-de permitir que o teu silêncio se apossa da minha esperança e da minha vontade, transformá-las em angústia e desesperança. Todavia, sabes que estarei onde tu me quiseres encontrar.
Wednesday, October 08, 2008
8 de Outubro de 2008
Querida Teresa,
O mês de Outubro lembra-me de ti, o mês de Setembro já me trazia um rastro de premonição, de centelha esfuziante que crepitava o meu lado esquerdo do coração. É pois, o nosso mês, o das balanças incompreendidas e insatisfeitas, as que mordem o silêncio como um cravinho amargo. O teu silêncio já se tornou uma rotina, entranhou-se nos meus dias amenos sem ternura nem estremecimentos súbitos. Não te persigo pelos corredores vazios da memória; não escalo as montanhas cinzentas em busca do indefinível onde talvez possas estar; não sustenho a respiração por causa da tua ausência para depois extasiar-me e renascer sob a tua palavra. Todavia, enviei-te palavras, talvez para ti meras palavras vãs, mas que por vezes, são tão necessárias como olhar demoradamente o mar. Parabéns por existires.
O mês de Outubro lembra-me de ti, o mês de Setembro já me trazia um rastro de premonição, de centelha esfuziante que crepitava o meu lado esquerdo do coração. É pois, o nosso mês, o das balanças incompreendidas e insatisfeitas, as que mordem o silêncio como um cravinho amargo. O teu silêncio já se tornou uma rotina, entranhou-se nos meus dias amenos sem ternura nem estremecimentos súbitos. Não te persigo pelos corredores vazios da memória; não escalo as montanhas cinzentas em busca do indefinível onde talvez possas estar; não sustenho a respiração por causa da tua ausência para depois extasiar-me e renascer sob a tua palavra. Todavia, enviei-te palavras, talvez para ti meras palavras vãs, mas que por vezes, são tão necessárias como olhar demoradamente o mar. Parabéns por existires.
Wednesday, July 23, 2008
23 de Julho de 2008
Querida Teresa:
Às vezes sabes dizer coisas bonitas, e eu consigo sentir a beleza no seu esplendor, na sua plenitude cegante. Outras vezes sabes calar as palavras tão necessárias, e eu sinto um desespero que se me entranha, e flui como a “água sem sossego” dos meus olhos. Não queria que a indiferença marcasse o compasso da nossa dança poética, que mesmo à distância, somos capazes de vibrar com ela. Mas deixas-me só, sentada na espiral de uma promessa que nunca se há-de cumprir.
Sunday, April 27, 2008
27 de Abril de 2008
Querida Teresa:
Nunca mais me lembrei da tua existência virtual, amiúde louvada neste meu mundo semi-anónimo, de ilusão, de paixão desenfreada, de loucura acesa, de desequilíbrio constante. Foi preciso um braço desconhecido para me convidar ao regresso do universo, que afinal, num tempo distante resolvi criar; pois o real, tangível e empírico em que me movia não cabia nem sequer uma gota do mar que envolve os segredos íntimos da minha alma. Foi preciso alguém, possivelmente tocado, comovido, enternecido pelo que escrevi e senti, para me lembrar que, no fundo, te devo uma explicação (curioso este jogo de xadrez solitário, em que te devo tudo, e tu absolutamente nada em relação a mim), se não te devo uma justificação, ao menos sou obrigada a fazê-lo perante quem se compadece ou se sente fazer parte desta tela de palavras estelíferas.
É tudo muito simples (tomara eu dizer isto convictamente em todas as circunstâncias da vida), a causa do meu afastamento, da nossa separação definitiva (pelo menos é isso que tenho sentido nos últimos meses e neste momento não aflora qualquer espécie de remorsos ao dizê-lo) é o eminente silêncio. É, de facto, uma faca de dois gumes, o silêncio: tanto nos pode servir como virtude de prudência, como uma baioneta de desprezo que fere directamente ao coração susceptível. E tens utilizado o silêncio de uma forma tão hábil, Teresa, que conseguiste afastar-me de vez; só tenho um único corpo, foram demasiadas lancetas que me propuseste ferir, creio que despojaste o último chão de orgulho existente em mim, porém, não permiti que continuasses a calar a grandeza da poesia e das palavras. Perante o teu silêncio ao que me é tão importante e essencial, só poderei te retribuir o mesmo silêncio, e confesso, até um certo desprezo, pois não hesito em me virar as costas a quem despreza a beleza do indizível. Se a minha palavra, a sublime poesia que ironicamente volteia os teus dias, não te tocam, querida Teresa, já não tenho mais nada para te dizer.
São muitos anos de desequilíbrio... Viver assim, cansa, não é saudável, não recomendo a ninguém. Podem acusar-me de fraqueza, de cobardia, de tudo aquilo que um ser humano merece ser responsabilizado, quando foge do amor. Mas que sei eu sobre o amor? Este sentimento estranho em que me pus a dedicar durante anos páginas vazias, versos estéreis a uma mulher que nunca toquei? Teresa, perdoa por ter entrado no círculo do "pessoal da pantufa e da serenidade", tal como tu.
Monday, February 11, 2008
11 de Fevereiro de 2008
Querida Teresa:
Mudei de táctica; em vez de me recolher no silêncio e depor as armas, os braços, a pena como vencida, vou-te sufocar com a beleza incomensurável da poesia; todas as semanas receberás versos que te farão lembrar da minha existência. Um dia, um dia, hás-de descer do teu pedestal de musa eterna e sagrada, hás-de espalhar ao meu redor pétalas de luz, de alegria breve através das tuas palavras. Vivo obcecada nesse círculo onde floresce bagos de emoção excessiva - onde não encontro em nenhum perfil feminino, nenhuma rua deserta, nenhum verso que me prenda as veias e não me obrigue a lembrar de ti. Caminho contigo debaixo do braço, escondida na minha sombra, desvairada pelo teu silêncio abafar o meu grito árido.
Tuesday, January 29, 2008
29 de Janeiro de 2008
Querida Teresa:
Tenho vindo a ser assaltada pelas imagens dos lugares da minha infância; das avenidas turbulentas por onde passas, dos hotéis magníficos construídos recentemente mesmo ao pé de onde trabalhas, das lojas de roupa de marcas internacionais, das pontes cuja beleza só se vislumbra de noite com os seus dedos em fogo a apontar o céu. Serão saudades da terra, de ti, da criança que fui? Só queria que me ouvisses de vez em quando, como se esse facto me desse forças para acreditar, continuar, lutar pelo (nosso) sonho. Disseste em outrora que não ias morrer sem ver o meu sonho realizado. Não tenho ninguém com quem partilhar a minha fragilidade que tão bem conheces, do meu eterno medo de não estar à altura do meu sonho. Diz-me o que posso fazer para permanecer na tua vida, enquanto não fazes absolutamente nada e estás em mim, em toda a parte?
Monday, January 14, 2008
14 de Janeiro de 2008
Querida Teresa:
Este ano o mar não me trouxe o teu sussurro com votos de um bom ano, nem levou daqui tragos de poesia para te embriagar. Tudo está ancorado na terrível normalidade dos dias, que tu e eu tão abominavelmente repugnamos; porém, nada fazemos, ou melhor, nada fazes para que a minha voz chegue até ti.
SE ME COMOVESSE O AMOR
Se me comovesse o amor como me comove
a morte dos que amei, eu viveria feliz. Observo
as figueiras, a sombra dos muros, o jasmineiro
em que ficou gravada a tua mão, e deixo o dia
caminhar por entre veredas, caminhos perto do rio.
Se me comovessem os teus passos entre os outros,
os que se perdem nas ruas, os que abandonam
a casa e seguem o seu destino, eu saberia reconhecer
o sinal que ninguém encontra, o medo que ninguém
comove. Vejo-te regressar do deserto, atravessar
os templos, iluminar as varandas, chegar tarde.
Por isso não me procures, não me encontres,
não me deixes, não me conheças. Dá-me apenas
o pão, a palavra, as coisas possíveis. De longe.
Enviei-te esse magnífico poema de Francisco José Viegas. Mas, nem "De longe" consegui abalar-te, sinto que já não te conheço mais.
Este ano o mar não me trouxe o teu sussurro com votos de um bom ano, nem levou daqui tragos de poesia para te embriagar. Tudo está ancorado na terrível normalidade dos dias, que tu e eu tão abominavelmente repugnamos; porém, nada fazemos, ou melhor, nada fazes para que a minha voz chegue até ti.
SE ME COMOVESSE O AMOR
Se me comovesse o amor como me comove
a morte dos que amei, eu viveria feliz. Observo
as figueiras, a sombra dos muros, o jasmineiro
em que ficou gravada a tua mão, e deixo o dia
caminhar por entre veredas, caminhos perto do rio.
Se me comovessem os teus passos entre os outros,
os que se perdem nas ruas, os que abandonam
a casa e seguem o seu destino, eu saberia reconhecer
o sinal que ninguém encontra, o medo que ninguém
comove. Vejo-te regressar do deserto, atravessar
os templos, iluminar as varandas, chegar tarde.
Por isso não me procures, não me encontres,
não me deixes, não me conheças. Dá-me apenas
o pão, a palavra, as coisas possíveis. De longe.
Enviei-te esse magnífico poema de Francisco José Viegas. Mas, nem "De longe" consegui abalar-te, sinto que já não te conheço mais.
Wednesday, December 26, 2007
26 de Dezembro de 2007
Queria Teresa:
O Natal passou como um relâmpago, em comparação com a loucura sem freio à volta dos presentes desde Novembro, da comida que se tem de comprar e preparar na noite de consoada, das mensagens e dos telefonemas imprescindíveis que obstruem as linhas (inter)nacionais... Este ano, porém, ambas fizémos a lista de nomes que mereceram receber uma lembrança, um postal, um telefonema, um e-mail, ambas escolhemos deliberadamente não clicar no nome da outra para o envio da mensagem natalícia virtual; embora eu tenha a absoluta certeza de que te lembraste de mim. Mas um simples encolher de ombros fez desaparecer esse ligeiro mal-estar da alma, que dantes era povoada por imensa poesia, por palavras friccionadas de um produto parecido com o amor, vindas de uma "pateta" que te era querida...
Tuesday, November 20, 2007
29 de Novembro de 2007
Querida Teresa:
Apesar das tarefas inadiáveis e das preocupações constantes, tens vindo dançar subtilmente no meu pensamento, como uma velha amiga desaparecida. Como se soubesses, algures na tua ilha longínqua e inacessível, que padeço em silêncio; não só porque efectivamente deixei de te pertencer mas também porque aquela angústia tão nossa e tão pessoana me tem caiado o seio de sufoco. Tomara conseguir dizer-te isto, como nos velhos tempos, correr de braços abertos para o nosso abrigo virtual e deixar naturalmente escorrer as palavras como lágrimas, e depois receber as tuas, tão fascinantes, tão raras, tão sagradas. Mas, o tempo mudou-me, oprimiu-me o coração; e a tua mudez coseu-me os lábios claros onde um mar de beijos interditos mordiam incessantemente o teu nome.
12 de Dezembro de 2007
Querida Teresa:
Os dias têm-me parecido mais longos, é por estar na época de exames que tenho usufruido o direito de ficar uns dias em casa sem trabalhar. O que é óptimo para quem precisa de repousar o corpo como se voltasse de uma longa caminhada com os pés doridos, e os olhos cheios de pó da estrada. Às vezes é assim que me sinto, todos os dias faço uma viagem (na minha pequena terra) a partir do momento em que saio de casa até o regresso, apesar das mesmas caras matinais em que me encontro na paragem de autocarros, das mesmas conversas sobre o quotidiano em que travo com os colegas da faculdade, do mesmo tédio que partilho com os colegas do trabalho.
Não tenho sentido gravemente a tua falta, creio que finalmente te mistifiquei, tornando-te um mito, isto é, estás morta, divinamente extinta. Só através da palavra poderei te evocar, te falar para que me oiças verdadeiramente, quem sabe um dia...
Os dias têm-me parecido mais longos, é por estar na época de exames que tenho usufruido o direito de ficar uns dias em casa sem trabalhar. O que é óptimo para quem precisa de repousar o corpo como se voltasse de uma longa caminhada com os pés doridos, e os olhos cheios de pó da estrada. Às vezes é assim que me sinto, todos os dias faço uma viagem (na minha pequena terra) a partir do momento em que saio de casa até o regresso, apesar das mesmas caras matinais em que me encontro na paragem de autocarros, das mesmas conversas sobre o quotidiano em que travo com os colegas da faculdade, do mesmo tédio que partilho com os colegas do trabalho.
Não tenho sentido gravemente a tua falta, creio que finalmente te mistifiquei, tornando-te um mito, isto é, estás morta, divinamente extinta. Só através da palavra poderei te evocar, te falar para que me oiças verdadeiramente, quem sabe um dia...
6 de Dezembro de 2007
Querida Teresa:
Hoje a noite está esplêndida, consegui tirar essa conclusão nos breves 5 minutos em que fui colocar a reciclagem; a aragem suave atravessou-me com uma quietude surpreendente, que me fez desejar estar ali imóvel com os sacos na mão, indiferente com a passagem dos carros e dos transeuntes. Mas, lembrei-me de súbito que tinha trabalhos para entregar e para a semana tenho dois testes importantes, são aquelas cadeiras que um verdadeiro amante de letras é obrigado a passar com distinção. Luto diariamente para me afigurar entre os melhores, porque creio que só assim um dia poderei finalmente trabalhar com prazer, e se o meu talento for reconhecido por meia dúzia de loucos como dizia Al Berto, já morreria feliz.
22 de Novembro de 2007
Querida Teresa:
Há três dias que ando doente com o vírus da gastroenterite a brincar com os meus intestinos desprovidos de armas para o combate, já que a rainha guerreira que comanda as tropas do seu corpo, está, de igual modo, ferida. Pelo tempo que colhe insensivelmente a efemeridade dos meus dias atulhados de tarefas, na maior parte, inúteis; pela letargia que emergiu do pélago há muito tranquilo no fundo da minha alma; pelas ideias negativas que tumultam o meu pensamento, noite e dia, sobre o meu desempenho nas funções académicas, que me têm deixado céptica, insegura, macambúzia. E a eterna questão alvorece as minhas manhãs: será que vale a pena o sacrifício? Depois, o mestre, o homem que me despertou a consciência murmura, gélido e insistente no seu sepulcro espiritual: "tudo vale a pena, se a alma não é pequena".
19 de Novembro de 2007
Querida Teresa:
A chuva e o frio trouxeram-me uma letargia tumular, que pressinto ser de difícil abandono. Mal comecei a semana, o meu corpo pede repouso e os meus olhos de abrigo na penumbra de um quarto sossegado. Talvez o Natal também me tenha trazido a nostalgia familiar, que contém em si a ambivalência de dois gumes; a saudade de uma infância quase feliz e a consciência da infelicidade na idade adulta, como se a obscuridade fosse luz para o insatisfeito, que não há-de cessar a sua íntima procura da evolução interior. No entanto, é evidente que o peso que me imponho a suportar relativamente a exigências emocionais e intelectuais, verga-me as costas, torce-me a pena, e acaba por se desfazer em pó e cinza. E nada pior para um harpista de poesia, não sentir a ondulação perfeita dos sons nos dedos, não se comover, não deixar embebedar-se por ela.
Friday, November 09, 2007
12 de Novembro de 2007
Querida Teresa:
Hoje por mero acaso me encontrei a navegar no site da instituição onde trabalhas. Saudei-te levemente com o cursor, como se cada curva assombrosa do teu nome fosse uma missanga do teu cabelo perfumado, como se eu, de facto, pudesse estar a senti-lo.
Lembrei-me, inevitavelmente, do nosso último encontro, em que de novo mal sei do que te falei, enquanto tudo o que falaste está cerrado nos meus punhos. Foi então que o mar da tua ausência reflectida, inundou-me o peito de sal, a saber a sonhos impossíveis - uma muda indignação contida, que agora, pude enfim, libertá-la. De facto, só a escrita permite aquietar a escuridão da masmorra do amor, da vida, de mim mesma.
9 de Novembro de 2007
Querida Teresa:
Por vezes gostava de saber como consegues viver livre de desassossegos, de forma tão natural e desprendida, sem a paixão das minhas palavras, que dizias ser o único momento de poesia do teu dia. O meu silêncio prolongado é o grito de orgulho que te lanço sem, no entanto, te atingir, porque já há muito tempo que tudo que emana das minhas mãos, é-te indiferente. Apesar de sermos ambas balanças, não consigo ascender até esse teu elevado grau de desprendimento relativamente a sentimentos - tu abafas o amor na alcova segura e estéril, que te devolve somente o sabor agreste do hábito.
Infelizmente os deuses não me poderão responder se na próxima vida, época, circunstância menos complexa, eu poderei, enfim, naufragar no mar sem tormenta do teu corpo interdito...
Wednesday, October 17, 2007
22 de Outubro de 2007
Querida Teresa:
São quase duas da manhã; ouve-se uma mistura de sons estranhos lá fora, cantos humanos, sussurros do vento, a pura mudez da noite. O cansaço afaga-me as costas dobradas de mil anos de existência de lassidão, talvez já com a tua fiel companhia a assombrar-me entre o maravilhoso e o terror – “terror de te amar num sítio tão frágil como o mundo”. Bebo o chá para tranquilizar a mente, hoje, ressequida por experiências desgastantes, aborrecidas, terrivelmente quotidianas; e tu és o meu refúgio nocturno possível.
São quase duas da manhã; ouve-se uma mistura de sons estranhos lá fora, cantos humanos, sussurros do vento, a pura mudez da noite. O cansaço afaga-me as costas dobradas de mil anos de existência de lassidão, talvez já com a tua fiel companhia a assombrar-me entre o maravilhoso e o terror – “terror de te amar num sítio tão frágil como o mundo”. Bebo o chá para tranquilizar a mente, hoje, ressequida por experiências desgastantes, aborrecidas, terrivelmente quotidianas; e tu és o meu refúgio nocturno possível.
17 de Outubro de 2007
Querida Teresa:
Hoje a melancolia fez-me regressar a ti silenciosamente, como se não existisses; e de facto, não tens existido da forma implacável que me habituei a respirar. E hás-de continuar assim, até que um dia quebres o gelo da tua boca cozida de linhas frias de indiferença, ao pronunciar o meu nome. Renunciei à delicada e obstinada perseguição à tua imagem que jazeu há séculos na orla mirífica da minha adolescência; e a cada encontro real vejo a minha frágil pequenez reflectida em cada sublime gesto teu - terríveis momentos ínfimos que sou obrigada a guardá-los, calá-los no chão mais próximo da alma. Por mais longe que o meu sentimento por ti possa alcançar, uma nesga de orgulho aconselha-me a espera. A espera do mais puro insignificante gesto teu.
Thursday, September 27, 2007
27 de Setembro de 2007
Querida Teresa:
Como é possível recolheres-te ao teu hospício de silêncio após 4 e-mails que te mandei, incluindo um poema da minha autoria e a "carta que fluiu como o rio"? A tua indiferença como espada só me dá a certeza da nulidade da minha batalha solitária por algo que nem sei definir ou nomear. Em que nome luto, por quem a minha pena deva derramar sangue inesgotável? Se a minha palavra já não te fere, a arma mais poderosa e esplêndida que possuo está destruída implacavelmente pelo enquistamento do teu silêncio, que pouco a pouco se dilui no vagar célere dos dias. E tu também.
Como é possível recolheres-te ao teu hospício de silêncio após 4 e-mails que te mandei, incluindo um poema da minha autoria e a "carta que fluiu como o rio"? A tua indiferença como espada só me dá a certeza da nulidade da minha batalha solitária por algo que nem sei definir ou nomear. Em que nome luto, por quem a minha pena deva derramar sangue inesgotável? Se a minha palavra já não te fere, a arma mais poderosa e esplêndida que possuo está destruída implacavelmente pelo enquistamento do teu silêncio, que pouco a pouco se dilui no vagar célere dos dias. E tu também.
Friday, August 17, 2007
20 de Setembro de 2007 (carta que fluiu como o rio)
Querida Teresa:
Às vezes, um cristal de silêncio estala nos intervalos infinitesimais entre o labor da rotina e do fruir já natural da melancolia; e num cismar enternecido de imensa solidão, penso na tua aguçada ausência que se instalou pavorosamente em todos os lugares, espaços, cantos, becos habitáveis de existência palpável e abstracta.
A ignorância é um canto de ruídos contínuos, que aprendi a ouvir sem escutar, nadam sobre o meu espírito como peixes invisíveis e intocáveis pela sua insignificância e irrelevância. Respiro com tranquilidade domada pela razão - um crivo necessário para alcançar a ilha longínqua, ainda desconhecida, de encanto e de assombro certificados pela ficção (onde por vezes é mais real que a realidade falível); onde os teus braços me esperam, e quem sabe, o ósculo interdito milenar que nesta vida me sabe a negação inexorável, fruto-veneno proibido.
Às vezes, um cristal de silêncio estala nos intervalos infinitesimais entre o labor da rotina e do fruir já natural da melancolia; e num cismar enternecido de imensa solidão, penso na tua aguçada ausência que se instalou pavorosamente em todos os lugares, espaços, cantos, becos habitáveis de existência palpável e abstracta.
A ignorância é um canto de ruídos contínuos, que aprendi a ouvir sem escutar, nadam sobre o meu espírito como peixes invisíveis e intocáveis pela sua insignificância e irrelevância. Respiro com tranquilidade domada pela razão - um crivo necessário para alcançar a ilha longínqua, ainda desconhecida, de encanto e de assombro certificados pela ficção (onde por vezes é mais real que a realidade falível); onde os teus braços me esperam, e quem sabe, o ósculo interdito milenar que nesta vida me sabe a negação inexorável, fruto-veneno proibido.
15 de Setembro de 2007
Querida Teresa:
Regressei ao meu país emprestado, aquele que tu dizes já não te pertencer, mas eu adoptei-o como se tivesse sido meu desde sempre. Estou mais tranquila, a distância que o teu corpo move é a mil anos luz desta sala amena onde escrevo secretamente; a alma já respira com a normalidade necessária para o equilíbrio são. Enviei-te e-mails desde que cheguei, o último não respondeste, mandaste apenas um fwd a anunciar o teu novo endereço electrónico. Óptimo, assim deixarei o silêncio que tanto gostas de morder, no dorso exausto deste sentimento estúpido.
8 de Setembro de 2007
Querida Teresa:
Foi em nome dos 181 e-mails que ao longo destes anos me mandaste, que hoje decidi procurar-te, oferecer-te um presente; sempre que nos encontramos, deixo-te uma lembrança minha, este ano tive a ideia maravilhosa de te presentear um perfume, pois pelos vistos gostaste, aliás, disseste “adorei” e fiz-te lembrar de um odor peculiar na tua adolescência. Infelizmente ou felizmente não te vi, incumbiste ao teu marido para vir buscar “aquilo que me esqueci de te entregar”, (“que chatice, agora não posso, estou a entrar para o duche, deixa-me pensar”) e à uma em ponto, lá estive à espera de entregar a derradeira prenda adiantada dos anos... “Ainda não sei se vou lá estar, se não estiver estará o...”, o sortudo, o privilegiado da tua vida. Ele pareceu-me mais gordo mas mais simpático, não me esquecera; o teu filho, meu Deus, como está crescido, possui um sorriso imensamente belo e cativante como a mãe. Não escondo que fiquei desiludida por não me concederes cinco minutos do teu dia para me ver, apesar de após de ter desligado o telemóvel ter a certeza absoluta de que não virás. Como te conheço bem Teresa...
Pensei não te dizer mais nada porque fiquei magoada, mas ligaste-me depois de abrires o presente, foi uma surpresa muito boa. Então, regresso a ti, silenciosamente, secretamente como uma melancolia crepuscular.
Pensei não te dizer mais nada porque fiquei magoada, mas ligaste-me depois de abrires o presente, foi uma surpresa muito boa. Então, regresso a ti, silenciosamente, secretamente como uma melancolia crepuscular.
7 de Setembro de 2007
Querida Teresa:
“Achei-te fantástica”, diz-me por que é que não consigo acreditar nas tuas palavras? Soam-me vãs, a eufemismos piedosos por saberes que o meu coração é o único lugar neste mundo em constante mutação, imutável, onde podes ser amada de forma segura, constante, eterna. E por isso, vale a pena agradares-me, não custa nada escrever umas linhas, pois não estás a ser testada na vida real pelo meu olhar atento e bom entendedor. Quando recordo do teu sorriso e do teu abraço no momento tão verdadeiros e intensos, um cansaço secular esbofeteia-me de vexame, porque depois desse espectáculo comovente só me ofereces silêncio perante o meu desespero.
Parto daqui a dois dias, a minha alma espera com avidez um pouco de paz e sossego, preciso de te esquecer por instantes, não quero me enlouquecer e decidir correr onde sei que poderás estar, e humilhar-me.
“Achei-te fantástica”, diz-me por que é que não consigo acreditar nas tuas palavras? Soam-me vãs, a eufemismos piedosos por saberes que o meu coração é o único lugar neste mundo em constante mutação, imutável, onde podes ser amada de forma segura, constante, eterna. E por isso, vale a pena agradares-me, não custa nada escrever umas linhas, pois não estás a ser testada na vida real pelo meu olhar atento e bom entendedor. Quando recordo do teu sorriso e do teu abraço no momento tão verdadeiros e intensos, um cansaço secular esbofeteia-me de vexame, porque depois desse espectáculo comovente só me ofereces silêncio perante o meu desespero.
Parto daqui a dois dias, a minha alma espera com avidez um pouco de paz e sossego, preciso de te esquecer por instantes, não quero me enlouquecer e decidir correr onde sei que poderás estar, e humilhar-me.
6 de Setembro de 2007 (madrugada de impotência)
Querida Teresa:
A insónia ataca-me com brutalidade, e é a tua voz que eu anseio ouvir na escuridão opaca deste quarto... Lamentavelmente voltei ao ciclo vicioso da angústia amorosa que decerto calculas o seu poder sobre mim, mais o desespero silenciado até à exaustão porque é um segredo que escondo do mundo real que nos possa conhecer (quanto menos gente souber, melhor para ti, eu não me importo que me apontem o dedo mas jamais permitirei que o façam a ti). Sei que não me vais dizer nada sobre as cartas de amor repletas de infâmia que te mandei no momento crítico de delírio amoroso; hoje peço-te que esqueças aquelas palavras, rasga-as se puderes e deixa que o vento as leve para uma ilha deserta – o meu espírito estará à tua espera ao fim dos séculos, com a mais bela poesia tatuada nos pulsos.
A insónia ataca-me com brutalidade, e é a tua voz que eu anseio ouvir na escuridão opaca deste quarto... Lamentavelmente voltei ao ciclo vicioso da angústia amorosa que decerto calculas o seu poder sobre mim, mais o desespero silenciado até à exaustão porque é um segredo que escondo do mundo real que nos possa conhecer (quanto menos gente souber, melhor para ti, eu não me importo que me apontem o dedo mas jamais permitirei que o façam a ti). Sei que não me vais dizer nada sobre as cartas de amor repletas de infâmia que te mandei no momento crítico de delírio amoroso; hoje peço-te que esqueças aquelas palavras, rasga-as se puderes e deixa que o vento as leve para uma ilha deserta – o meu espírito estará à tua espera ao fim dos séculos, com a mais bela poesia tatuada nos pulsos.
6 de Setembro de 2007 (crepúsculo de amargura)
Querida Teresa:
Ontem creio que uma parte de mim morreu contigo, no momento do adeus, do abraço que me brindaste, do aperto das mãos que por duas vezes me embalaste de alegria tristemente efémera. Depois, só me lembro de estar a deambular-me pelas ruas, ao encontro dos teus passos, da tua face bela cravada no meu pensamento; roer-me de auto-flagelo por não te ter dito tudo o que queria dizer, de novo foi o mutismo que declarou o meu carinho desmedido por ti.
Hoje espero um sinal teu em vão, absolutamente previsível, porém. A amargura é intensa embora saiba que o tempo, de novo, há-de atenuar esta ferida que desabrochou pelo (re)encontro (in)feliz. De facto, não sei celebrar nobremente o amor que carrego há tantos anos por ti, não consigo alegrar-me apenas com a tua presença virtual de forma esporádica, necessito da tua existência real – corpo, rosto, olhar, voz, toque. E isso, de novo, reitero, jamais terei na total plenitude.
Ontem creio que uma parte de mim morreu contigo, no momento do adeus, do abraço que me brindaste, do aperto das mãos que por duas vezes me embalaste de alegria tristemente efémera. Depois, só me lembro de estar a deambular-me pelas ruas, ao encontro dos teus passos, da tua face bela cravada no meu pensamento; roer-me de auto-flagelo por não te ter dito tudo o que queria dizer, de novo foi o mutismo que declarou o meu carinho desmedido por ti.
Hoje espero um sinal teu em vão, absolutamente previsível, porém. A amargura é intensa embora saiba que o tempo, de novo, há-de atenuar esta ferida que desabrochou pelo (re)encontro (in)feliz. De facto, não sei celebrar nobremente o amor que carrego há tantos anos por ti, não consigo alegrar-me apenas com a tua presença virtual de forma esporádica, necessito da tua existência real – corpo, rosto, olhar, voz, toque. E isso, de novo, reitero, jamais terei na total plenitude.
5 de Setembro de 2007
Querida Teresa:
Meu Deus, como continuas na mesma, bela até doer; quem me dera estar 24 horas a olhar para ti, a ouvir-te falar, a ver-te rir. Dizes que estou diferente, tenho brilho positivo, já não me visto apenas em preto; hoje descubro que não mudei Teresa, por mais luz que possa transmitir, por mais madura que possa transparecer, por mais mulheres que conheça, ninguém me estremece dessa forma inexplicável nem musa alguma terá o teu lugar no fundo do meu coração. E jamais serei correspondida, sabes o quanto essa impossibilidade me dilacera?!
Meu Deus, como continuas na mesma, bela até doer; quem me dera estar 24 horas a olhar para ti, a ouvir-te falar, a ver-te rir. Dizes que estou diferente, tenho brilho positivo, já não me visto apenas em preto; hoje descubro que não mudei Teresa, por mais luz que possa transmitir, por mais madura que possa transparecer, por mais mulheres que conheça, ninguém me estremece dessa forma inexplicável nem musa alguma terá o teu lugar no fundo do meu coração. E jamais serei correspondida, sabes o quanto essa impossibilidade me dilacera?!
3 de Setembro de 2007
Querida Teresa:
Nem uma palavra; posso aceitar um não tenho vontade de te ver, mas não perdoo o silêncio doloroso que embora tenha o mesmo significado há o acréscimo do desprezo abominável a alguém que, pelos vistos, não é minimamente importante para ti. Esse alguém que te ama silenciosamente durante oito anos, e quando não cala o amor que lhe rasga as veias de lirismo lancinante, celebra-o com vigor, paixão, júbilo. Mas até quando? Até quando vou suportar a tua indiferença perante a grandeza do meu sentimento, a tua frieza ao meu apelo ardente de uma frase ou palavra tua como se fosse alimento indispensável à minha alma?
28 de Agosto de 2007
Querida Teresa:
Já moro debaixo do mesmo céu que tu há precisamente uma semana. Confesso que penso em ti todos os dias, observo atentamente a multidão nos lugares em que a probabilidade de apareceres é maior, e coloco-me a mesma questão há uma semana: escrevo-lhe, digo-lhe para nos encontrarmos? Porque efectivamente necessito de te rever, boa Teresa, como se a minha viagem fosse um desperdício se isso não acontecesse, como se fosse deixar um membro meu esquartejado nesta terra amaldiçoada no dia da minha partida e ficasse incompleta. Mas o pavor de não me quereres encontrar ou que isso fosse uma maçada para ti é enorme, desmedido como o silêncio inquieto desta sala vazia.
Já moro debaixo do mesmo céu que tu há precisamente uma semana. Confesso que penso em ti todos os dias, observo atentamente a multidão nos lugares em que a probabilidade de apareceres é maior, e coloco-me a mesma questão há uma semana: escrevo-lhe, digo-lhe para nos encontrarmos? Porque efectivamente necessito de te rever, boa Teresa, como se a minha viagem fosse um desperdício se isso não acontecesse, como se fosse deixar um membro meu esquartejado nesta terra amaldiçoada no dia da minha partida e ficasse incompleta. Mas o pavor de não me quereres encontrar ou que isso fosse uma maçada para ti é enorme, desmedido como o silêncio inquieto desta sala vazia.
17 de Agosto de 2007 (manhã clara)
Querida Teresa:
Não estás aqui definitivamente, regressaste ao teu cubículo hostil de silêncio da largura do mar. Nem dois poemas extraordinários (haverá algum poema que não seja? os que não o são, nunca terão o privilégio de serem intitulados poesia) te consegui aproximar dos meus braços de ficção virtual. Será que um fio de receio indiscritível te incomoda pela minha viagem, a possibilidade de receberes um telefonema meu para te convidar para um simples café te aborrece até à medula? Talvez nem seja nada disso, eu sofro como qualquer mulher complexa por natureza e inteiramente apaixonada até às vísceras, (eu escrevo, que remédio?, é uma maldição abençoada), e de facto, não sei amainar os meus sentimentos indomáveis, só quando o teu nome, o teu rosto, a tua palavra, a tua existência surgem como única explosão possível de alegria no meu dia é que eu canto com furor e energia solar para o papel. O resto parece-me imensamente trivial, eu sei que é um pecado dizer isso, e no fundo há outras coisas igualmente importantes, mas neste momento o que importa somos nós, este espaço foi aberto simplesmente para o coração falar, chorar, gritar, emudecer, libertar-se da masmorra real que é a vida que corre lá fora com uma normalidade assustadora e um tédio por vezes insuportável (sim Teresa, eu também tenho uma vida lá fora cujas responsabilidades não são menos pesadas que as tuas).
Eu estimo este mundo secreto e sobretudo anónimo, porque não te consigo amar fora dele, não me permites concretizar o amor em matéria, solidificá-lo num beijo; é pela impossibilidade do amor que reside o sentido da tua infinita ausência.
Não estás aqui definitivamente, regressaste ao teu cubículo hostil de silêncio da largura do mar. Nem dois poemas extraordinários (haverá algum poema que não seja? os que não o são, nunca terão o privilégio de serem intitulados poesia) te consegui aproximar dos meus braços de ficção virtual. Será que um fio de receio indiscritível te incomoda pela minha viagem, a possibilidade de receberes um telefonema meu para te convidar para um simples café te aborrece até à medula? Talvez nem seja nada disso, eu sofro como qualquer mulher complexa por natureza e inteiramente apaixonada até às vísceras, (eu escrevo, que remédio?, é uma maldição abençoada), e de facto, não sei amainar os meus sentimentos indomáveis, só quando o teu nome, o teu rosto, a tua palavra, a tua existência surgem como única explosão possível de alegria no meu dia é que eu canto com furor e energia solar para o papel. O resto parece-me imensamente trivial, eu sei que é um pecado dizer isso, e no fundo há outras coisas igualmente importantes, mas neste momento o que importa somos nós, este espaço foi aberto simplesmente para o coração falar, chorar, gritar, emudecer, libertar-se da masmorra real que é a vida que corre lá fora com uma normalidade assustadora e um tédio por vezes insuportável (sim Teresa, eu também tenho uma vida lá fora cujas responsabilidades não são menos pesadas que as tuas).
Eu estimo este mundo secreto e sobretudo anónimo, porque não te consigo amar fora dele, não me permites concretizar o amor em matéria, solidificá-lo num beijo; é pela impossibilidade do amor que reside o sentido da tua infinita ausência.
17 de Agosto de 2007 (noite imensa)
Querida Teresa:
Já passaram sete meses desde o nosso último encontro aqui, não poderei dizer cantinho recôndito porque uma velha amiga nossa já me descobriu, mas não será por isso que deixarei o meu breve desabafo desaguar nesta tela virtual. Entre nós houve correspondência trocada, silêncio intermitente, palavras sem voz nem boca que não cabem na imensidão deste espaço solitário. Creio que durante estes anos fui crescendo tranquilamente (confesso que não da forma célere que eu gostaria, da forma que possibilita florescer o teu amor por mim) e reparo que continuas a ser a Teresa que eu conhecera e por quem me apaixonara no exacto momento em que te vi, embora me digas constantemente que estás a envelhecer por dentro e por fora. (Resides nas memórias vastas de uma refugiada leal que te abrigará na velhice). Há momentos em que necessito de exaltar as memórias para que a foice do tempo não as ceife nem um fragmento, daí surge um e-mail meu na tua caixa de correio, porém, já não espero com ânsia infantil por uma resposta tua. Daqui a uns dias estarei perto de ti, só me resta saber se terei coragem de destapar o sol que me arde os olhos só de imaginá-lo na minha frente, incapaz de suster um corpo incendiado ao lado do mar imenso de doçura intocável.
Já passaram sete meses desde o nosso último encontro aqui, não poderei dizer cantinho recôndito porque uma velha amiga nossa já me descobriu, mas não será por isso que deixarei o meu breve desabafo desaguar nesta tela virtual. Entre nós houve correspondência trocada, silêncio intermitente, palavras sem voz nem boca que não cabem na imensidão deste espaço solitário. Creio que durante estes anos fui crescendo tranquilamente (confesso que não da forma célere que eu gostaria, da forma que possibilita florescer o teu amor por mim) e reparo que continuas a ser a Teresa que eu conhecera e por quem me apaixonara no exacto momento em que te vi, embora me digas constantemente que estás a envelhecer por dentro e por fora. (Resides nas memórias vastas de uma refugiada leal que te abrigará na velhice). Há momentos em que necessito de exaltar as memórias para que a foice do tempo não as ceife nem um fragmento, daí surge um e-mail meu na tua caixa de correio, porém, já não espero com ânsia infantil por uma resposta tua. Daqui a uns dias estarei perto de ti, só me resta saber se terei coragem de destapar o sol que me arde os olhos só de imaginá-lo na minha frente, incapaz de suster um corpo incendiado ao lado do mar imenso de doçura intocável.
Tuesday, January 09, 2007
9 de Janeiro de 2007
Querida Teresa:
Eis o teu regresso, “safe and sound” como dizes. Trouxeste contigo umas fotos bonitas que tão amavelmente me mandaste para o e-mail, parece-me paisagens realmente deliciosas mas só de me imaginar nesse frio intenso, prefiro ficar por aqui ou por baixo dos cobertores! Mas não me respondeste à última carta virtual, há uma semana, espero sem ansiedade nem insónias; reúno todas as minhas forças para um único objectivo: realizar o meu sonho secular, que desde sempre partilhei contigo. Por isso, os estudos e o trabalho sugam-me o pensamento, o tempo, as energias e só de vez em quando me lembro de ti, momentos tão fugazes que a tristeza até tem preguiça de me incomodar.
Eis o teu regresso, “safe and sound” como dizes. Trouxeste contigo umas fotos bonitas que tão amavelmente me mandaste para o e-mail, parece-me paisagens realmente deliciosas mas só de me imaginar nesse frio intenso, prefiro ficar por aqui ou por baixo dos cobertores! Mas não me respondeste à última carta virtual, há uma semana, espero sem ansiedade nem insónias; reúno todas as minhas forças para um único objectivo: realizar o meu sonho secular, que desde sempre partilhei contigo. Por isso, os estudos e o trabalho sugam-me o pensamento, o tempo, as energias e só de vez em quando me lembro de ti, momentos tão fugazes que a tristeza até tem preguiça de me incomodar.
Wednesday, December 20, 2006
20 de Dezembro de 2006
Querida Teresa:
Nestes últimos dias tens respondido aos meus devaneios, parece irreal e isto enche-me a alma duma alegria indizível, duma paz serena com sabor a maresia, quem me dera que fosse para sempre. Vais passar o natal nas montanhas rochosas, plenas de brancura mística, imagino-te a esquiar elegantemente, só os deuses saberão qual das belezas são perfeitas e invejáveis - a tua ou a da natureza mãe.
Neste natal, como os anteriores, não vou a lado nenhum, não imaginas como estou farta desta época estupidamente hipócrita, celebrado em prol dos interesses, das obrigações de oferecer presentes porque caso contrário "fica mal visto"! Onde estará Deus, que está por nascer? Ironia.
Deixo a metafísica de lado e levo-te comigo, como o melhor presente que alguma vez o mundo poderá me ofertar.
Nestes últimos dias tens respondido aos meus devaneios, parece irreal e isto enche-me a alma duma alegria indizível, duma paz serena com sabor a maresia, quem me dera que fosse para sempre. Vais passar o natal nas montanhas rochosas, plenas de brancura mística, imagino-te a esquiar elegantemente, só os deuses saberão qual das belezas são perfeitas e invejáveis - a tua ou a da natureza mãe.
Neste natal, como os anteriores, não vou a lado nenhum, não imaginas como estou farta desta época estupidamente hipócrita, celebrado em prol dos interesses, das obrigações de oferecer presentes porque caso contrário "fica mal visto"! Onde estará Deus, que está por nascer? Ironia.
Deixo a metafísica de lado e levo-te comigo, como o melhor presente que alguma vez o mundo poderá me ofertar.
Monday, December 11, 2006
11 de Dezembro de 2006
Querida Teresa:
Quando começo a habituar-me, conformar-me, sucumbir-me à escuridão intensa do teu silêncio ensurdecedor; regressas com fulgor, como uma força violenta dum relâmpago fugaz, como o último ar respirável dum semi-vivo cujo único ofício é manter os olhos abertos e a espera da ressurreição. Gastei as palavras em flecha ao tentar atingir-te, no entanto, são as mesmas palavras que me restam ao abrir as minhas mãos, não aprendi outras, apenas sei estas de cor; nem tão pouco sei se necessito de outras. Porém, sei de um facto: não quero que a tua presença se dilua na indiferença das horas fúteis, nem que o meu coração cesse de estremecer ao ouvir, ler, soletrar o teu nome. Quero erguer-te, inteira, transparente, singela e nua sob a minha poesia, para sempre.
Quando começo a habituar-me, conformar-me, sucumbir-me à escuridão intensa do teu silêncio ensurdecedor; regressas com fulgor, como uma força violenta dum relâmpago fugaz, como o último ar respirável dum semi-vivo cujo único ofício é manter os olhos abertos e a espera da ressurreição. Gastei as palavras em flecha ao tentar atingir-te, no entanto, são as mesmas palavras que me restam ao abrir as minhas mãos, não aprendi outras, apenas sei estas de cor; nem tão pouco sei se necessito de outras. Porém, sei de um facto: não quero que a tua presença se dilua na indiferença das horas fúteis, nem que o meu coração cesse de estremecer ao ouvir, ler, soletrar o teu nome. Quero erguer-te, inteira, transparente, singela e nua sob a minha poesia, para sempre.
Saturday, September 02, 2006
2 de Setembro de 2006
Querida Teresa:
Mandaste-me um fwd… Como é possível, interrogo-me, depois de relâmpagos constantes de silêncio, me surpreenderes com um inútil fwd que nem consegui abrir? Não fui a única destinatária mas ao menos lembraste-te de mim, sabe-se lá por que; gostava mesmo de saber como tens coragem de te lembrar de mim de forma simples e violenta, leve e intensa, alegre e amarga. O que faço agora? Será que queres que te diga alguma coisa?...
Mandaste-me um fwd… Como é possível, interrogo-me, depois de relâmpagos constantes de silêncio, me surpreenderes com um inútil fwd que nem consegui abrir? Não fui a única destinatária mas ao menos lembraste-te de mim, sabe-se lá por que; gostava mesmo de saber como tens coragem de te lembrar de mim de forma simples e violenta, leve e intensa, alegre e amarga. O que faço agora? Será que queres que te diga alguma coisa?...
Saturday, August 26, 2006
26 de Agosto de 2006
Querida Teresa:
Já nem sei o que digo, o que escrevo, o que sinto; começo um poema e evoco-te naturalmente como se doutra forma fosse absurda, estás presente em todas as coisas e ainda mais nas pequenas, profundas, as que estão mais próximas de atingir a perfeição – a escrita, a música, a natureza… Como fugir do que é evidente, diz-me? Vives a tua vida tranquilamente, sem pensar em mim, a minha palavra já não te toca, é-te indiferente, enquanto a tua rejubila o meu dia, o meu coração em cacos (“Apontamento”, lembras-te? É óbvio que sim), eleva a minha vida para uma dimensão imperceptível até ao ponto de me considerar talvez feliz.
Já nem sei o que digo, o que escrevo, o que sinto; começo um poema e evoco-te naturalmente como se doutra forma fosse absurda, estás presente em todas as coisas e ainda mais nas pequenas, profundas, as que estão mais próximas de atingir a perfeição – a escrita, a música, a natureza… Como fugir do que é evidente, diz-me? Vives a tua vida tranquilamente, sem pensar em mim, a minha palavra já não te toca, é-te indiferente, enquanto a tua rejubila o meu dia, o meu coração em cacos (“Apontamento”, lembras-te? É óbvio que sim), eleva a minha vida para uma dimensão imperceptível até ao ponto de me considerar talvez feliz.
Sunday, August 20, 2006
20 de Agosto de 2006
Querida Teresa:
Começo a sucumbir para o vale da tua indiferença, deixo-te traçar a linha do meu destino, não te travo, nem imponho, faz o que tu quiseres. Sabes que estarei sempre aqui.
"I'm so, I'm so tired, I'm so tired of trying..."
Começo a sucumbir para o vale da tua indiferença, deixo-te traçar a linha do meu destino, não te travo, nem imponho, faz o que tu quiseres. Sabes que estarei sempre aqui.
"I'm so, I'm so tired, I'm so tired of trying..."
Thursday, August 10, 2006
10 de Agosto de 2006
Querida Teresa:
O tempo ruge lá fora, espraiando raios solares alegremente à minha janela fechada, um pouco sufocada confesso (vou abri-la), uma aragem irrompe o meu tédio matinal de quem está demasiado livre para fazer coisa nenhuma ou demasiado presa para querer fazer tudo. Tudo aquilo que a alma cobiça, não é assim muito para quem me conhece, até lhes soa a pouco, os realistas, os práticos – “queriam-me fútil, quotidiano e tributável?”
Todos os dias faço-me a mesma pergunta silenciosamente, no meio dos afazeres domésticos, nos momentos de solidão acompanhada, no meu breve passeio até ao trabalho – devo escrever-lhe? – depois surge as infindas questões de orgulho, trava-se a batalha entre o querer e o dever, o que lhe poderei dizer, será que vale a pena, achas que ela não se vai aborrecer… Por que sempre que resvalo para a tristeza, a incompreensão, o cansaço e as interrogações assustadoras, preciso tanto de ti?
O tempo ruge lá fora, espraiando raios solares alegremente à minha janela fechada, um pouco sufocada confesso (vou abri-la), uma aragem irrompe o meu tédio matinal de quem está demasiado livre para fazer coisa nenhuma ou demasiado presa para querer fazer tudo. Tudo aquilo que a alma cobiça, não é assim muito para quem me conhece, até lhes soa a pouco, os realistas, os práticos – “queriam-me fútil, quotidiano e tributável?”
Todos os dias faço-me a mesma pergunta silenciosamente, no meio dos afazeres domésticos, nos momentos de solidão acompanhada, no meu breve passeio até ao trabalho – devo escrever-lhe? – depois surge as infindas questões de orgulho, trava-se a batalha entre o querer e o dever, o que lhe poderei dizer, será que vale a pena, achas que ela não se vai aborrecer… Por que sempre que resvalo para a tristeza, a incompreensão, o cansaço e as interrogações assustadoras, preciso tanto de ti?
Friday, August 04, 2006
4 de Agosto de 2006
Querida Teresa:
Vejo-me impotente ao querer lutar contra o desejo de te ler, de te escrever, de nos aproximar de novo... Não sei o que é certo ou errado, o que vale a pena ou não, o que é melhor para mim, para ti, para a minha estabilidade emocional... Ao menos pudesses me dar uma luz, uma resposta, ou lançar-me uma pergunta de modo a fazer-me cair em mim, nesta realidade crua e venenosa. Mas nada, nada, é o nada que nos resta, que me une a ti, é o nada que o meu eco de inutilidade me devolve até ao sal último das minhas lágrimas mudas.
Vejo-me impotente ao querer lutar contra o desejo de te ler, de te escrever, de nos aproximar de novo... Não sei o que é certo ou errado, o que vale a pena ou não, o que é melhor para mim, para ti, para a minha estabilidade emocional... Ao menos pudesses me dar uma luz, uma resposta, ou lançar-me uma pergunta de modo a fazer-me cair em mim, nesta realidade crua e venenosa. Mas nada, nada, é o nada que nos resta, que me une a ti, é o nada que o meu eco de inutilidade me devolve até ao sal último das minhas lágrimas mudas.
Friday, July 28, 2006
28 de Julho de 2006
Querida Teresa:
Nestes dois dias têm sido difíceis de digerir, parece que a alma atou um nó que sufoca o meu poder de sonhar. A minha vida vai mudar de rumo, um pouco incerto ainda mas tenho a sensação que é, sem dúvida, para melhor. Queria partilhar isso contigo, ouvir da tua boca - não te preocupes, vai correr tudo bem - sei que sou um paradoxo em pessoa, há uma semana atrás dizia a mim própria com convicção de que estava a conseguir esquecer-te mas agora invade-me a vontade de te ouvir, que raios! Deténs o dom de amainar a tempestade do meu interior turbulento por natureza, consegues curar por momentos a minha cegueira indomável em relação à realidade concreta, abres-me uma porta inexistente e mágica para um plano tridimensional da vida tão maravilhosa que mal me lembro o facto de ter de existir.
Nestes dois dias têm sido difíceis de digerir, parece que a alma atou um nó que sufoca o meu poder de sonhar. A minha vida vai mudar de rumo, um pouco incerto ainda mas tenho a sensação que é, sem dúvida, para melhor. Queria partilhar isso contigo, ouvir da tua boca - não te preocupes, vai correr tudo bem - sei que sou um paradoxo em pessoa, há uma semana atrás dizia a mim própria com convicção de que estava a conseguir esquecer-te mas agora invade-me a vontade de te ouvir, que raios! Deténs o dom de amainar a tempestade do meu interior turbulento por natureza, consegues curar por momentos a minha cegueira indomável em relação à realidade concreta, abres-me uma porta inexistente e mágica para um plano tridimensional da vida tão maravilhosa que mal me lembro o facto de ter de existir.
Tuesday, July 25, 2006
25 de Julho de 2006
Querida Teresa:
Não te tenho dito nada, o que poderei dizer? Mais do que tenho dito ao longo destes anos é impossível. Optei por estar longe, em todos os aspectos, tento não pensar em ti com profundidade e ternura, creio que é a primeira vez que tomo uma decisão definitiva e certa. Não espero uma palavra tua, antes pelo contrário, é preferível o silêncio ameno que nos separa, cada uma vivendo sem “desassossegos grandes”, rodeada de quem realmente merece o nosso amor. Porém, uma coisa tenho a certeza, tu não me hás de ser indiferente, talvez até comungues o mesmo sentimento, por outras razões, menos ambíguas, mais superficiais, e certamente nunca será amor.
Não te tenho dito nada, o que poderei dizer? Mais do que tenho dito ao longo destes anos é impossível. Optei por estar longe, em todos os aspectos, tento não pensar em ti com profundidade e ternura, creio que é a primeira vez que tomo uma decisão definitiva e certa. Não espero uma palavra tua, antes pelo contrário, é preferível o silêncio ameno que nos separa, cada uma vivendo sem “desassossegos grandes”, rodeada de quem realmente merece o nosso amor. Porém, uma coisa tenho a certeza, tu não me hás de ser indiferente, talvez até comungues o mesmo sentimento, por outras razões, menos ambíguas, mais superficiais, e certamente nunca será amor.
Wednesday, July 12, 2006
12 de Julho de 2006
Querida Teresa:
Não tenho pensado em ti, ou melhor, da forma intensa como tem sido nas alturas em que só pelo facto de respirar, me agoniza, pela tua ausência, pelo o que sinto por ti – a impossibilidade colossal dum amor inefável. Comecei a investir-me para o lado mais prático da vida, evitando delírios amorosos que me deprimem, não o faço propositadamente, acho que finalmente consegui encontrar um equilíbrio emocional que tanto necessito, para que o meu quotidiano não se baseie apenas em ti. É positivo esta distanciação, tudo o que é levado ao extremo é insano, não é saudável e acabo sempre por te aborrecer, magoar… Quero que um dia nos encontremos e vejas em mim outra mulher, com maturidade, evolução, um sentido de humor mais requintado, enfim, que te possa fazer sentir especial por ser amada tão delicadamente, silenciosamente, por uma pessoa como eu.
Não tenho pensado em ti, ou melhor, da forma intensa como tem sido nas alturas em que só pelo facto de respirar, me agoniza, pela tua ausência, pelo o que sinto por ti – a impossibilidade colossal dum amor inefável. Comecei a investir-me para o lado mais prático da vida, evitando delírios amorosos que me deprimem, não o faço propositadamente, acho que finalmente consegui encontrar um equilíbrio emocional que tanto necessito, para que o meu quotidiano não se baseie apenas em ti. É positivo esta distanciação, tudo o que é levado ao extremo é insano, não é saudável e acabo sempre por te aborrecer, magoar… Quero que um dia nos encontremos e vejas em mim outra mulher, com maturidade, evolução, um sentido de humor mais requintado, enfim, que te possa fazer sentir especial por ser amada tão delicadamente, silenciosamente, por uma pessoa como eu.
Friday, June 30, 2006
30 de Junho de 2006
Querida Teresa:
Ontem escrevi um poema, nos momentos de mais intensa solidão. Ainda estou a ponderar se te vou mandar, talvez quando chegar o momento devido, no limite da desesperação de te ouvir, de querer um naco da tua atenção. Vou estar de férias uma semana, nem sei bem como usufruí-las, o trabalho ao menos alivia a dor de pensar, o vício de questionar a minha vida, o meu interior turbulento onde me acenas constantemente com um sorriso de voragem divino.
Ontem escrevi um poema, nos momentos de mais intensa solidão. Ainda estou a ponderar se te vou mandar, talvez quando chegar o momento devido, no limite da desesperação de te ouvir, de querer um naco da tua atenção. Vou estar de férias uma semana, nem sei bem como usufruí-las, o trabalho ao menos alivia a dor de pensar, o vício de questionar a minha vida, o meu interior turbulento onde me acenas constantemente com um sorriso de voragem divino.
Wednesday, June 28, 2006
28 de Junho de 2006
Querida Teresa:
Voltei à normalidade, do sossego estóico das emoções fugazes, pois há uma semana que espero em vão a tua palavra, a inquietação constante e afã acaba por esmorecer aparentemente sob o meu perfil de pélago impassível e discreto. Quando te lembrares de mim – ao deparares com alguém que carrega semelhante alma complexa, ao ouvir uma exaltação fervorosa sobre o amor, ao contemplares até às lágrimas um crepúsculo que fere e fascina – eu estarei sempre aqui para te ouvir.
Voltei à normalidade, do sossego estóico das emoções fugazes, pois há uma semana que espero em vão a tua palavra, a inquietação constante e afã acaba por esmorecer aparentemente sob o meu perfil de pélago impassível e discreto. Quando te lembrares de mim – ao deparares com alguém que carrega semelhante alma complexa, ao ouvir uma exaltação fervorosa sobre o amor, ao contemplares até às lágrimas um crepúsculo que fere e fascina – eu estarei sempre aqui para te ouvir.
Thursday, June 22, 2006
22 de Junho de 2006
Querida Teresa:
Nestes dois dias tenho ido ao e-mail box várias vezes para ver se me disseste alguma coisa… Às vezes nem sei se prefiro que assassines duma vez a minha ilusão e as minhas parcas esperanças, do que me surpreenderes com a tua palavra, a tua presença inesperada, para que eu regresse a este ciclo vicioso da viagem dolorosa e solitária, repleta de ânsias sufocadas sem nome. Tu sabes que te espero, esteja onde estiver, até o fim dos meus dias.
Nestes dois dias tenho ido ao e-mail box várias vezes para ver se me disseste alguma coisa… Às vezes nem sei se prefiro que assassines duma vez a minha ilusão e as minhas parcas esperanças, do que me surpreenderes com a tua palavra, a tua presença inesperada, para que eu regresse a este ciclo vicioso da viagem dolorosa e solitária, repleta de ânsias sufocadas sem nome. Tu sabes que te espero, esteja onde estiver, até o fim dos meus dias.
Tuesday, June 20, 2006
20 de Junho de 2006
Querida Teresa:
Após ondas de mudez da tua parte, deliberadas, procuraste-me. Quando vi o teu nome relampejar no monitor, balbuciei “estou a sonhar?”, para que tu vejas a sinceridade da minha alegria, satisfação imensa ao encontrar-te. Deste-me o privilégio de observar-te inteira, é uma fotografia recente, continuas a ser a minha única deusa detentora duma beleza irrevogável e singular, como me sinto especial só de te adorar.
Este espaço jamais se extinguirá por ser impossível o fogo que me dilacera docemente por tua causa se extinguir também. Sinto-o com mais intensidade à medida que o tempo passa e me concede maturidade, lucidez, consciência. Não me permito arrastar pelas ruas ridículas da amargura por não ser correspondida mas enaltecer o que há de mais belo em mim, o Amor.
Após ondas de mudez da tua parte, deliberadas, procuraste-me. Quando vi o teu nome relampejar no monitor, balbuciei “estou a sonhar?”, para que tu vejas a sinceridade da minha alegria, satisfação imensa ao encontrar-te. Deste-me o privilégio de observar-te inteira, é uma fotografia recente, continuas a ser a minha única deusa detentora duma beleza irrevogável e singular, como me sinto especial só de te adorar.
Este espaço jamais se extinguirá por ser impossível o fogo que me dilacera docemente por tua causa se extinguir também. Sinto-o com mais intensidade à medida que o tempo passa e me concede maturidade, lucidez, consciência. Não me permito arrastar pelas ruas ridículas da amargura por não ser correspondida mas enaltecer o que há de mais belo em mim, o Amor.
Monday, June 19, 2006
19 de Junho de 2006
Querida Teresa:
Depois de sete meses de ausência, regressei ao "nosso" cantinho recôndito, ao meu refúgio secreto, ao meu mundo vasto e aberto para te enaltecer, para me sentir mais próxima de ti. Sabes, que isto faz-me lembrar do "Diário da tua ausência" de Margarida Rebelo Pinto? Tive o seu livro na mão e li apenas diagonalmente umas páginas mas já deu para entender a sua mensagem de amor tão puro e verdadeiro, que as pessoas até têm medo, vergonha e desprezo por ela, daí o seu rótulo de banal, lamecha, etc... Até parece que há motivo mais nobre neste mundo que o Amor!
Depois de sete meses de ausência, regressei ao "nosso" cantinho recôndito, ao meu refúgio secreto, ao meu mundo vasto e aberto para te enaltecer, para me sentir mais próxima de ti. Sabes, que isto faz-me lembrar do "Diário da tua ausência" de Margarida Rebelo Pinto? Tive o seu livro na mão e li apenas diagonalmente umas páginas mas já deu para entender a sua mensagem de amor tão puro e verdadeiro, que as pessoas até têm medo, vergonha e desprezo por ela, daí o seu rótulo de banal, lamecha, etc... Até parece que há motivo mais nobre neste mundo que o Amor!
Thursday, November 10, 2005
10 de Novembro de 2005
Querida Teresa:
Neste fim-de-semana vou finalmente mudar de casa, por enquanto não vou ter net, não poderei vir falar contigo. Vai ser bom para mim, é como se fizesse uma viagem fugindo de ti para me encontrar. Talvez descubramos depois que este blog chegou ao fim.
Neste fim-de-semana vou finalmente mudar de casa, por enquanto não vou ter net, não poderei vir falar contigo. Vai ser bom para mim, é como se fizesse uma viagem fugindo de ti para me encontrar. Talvez descubramos depois que este blog chegou ao fim.
Thursday, November 03, 2005
3 de Novembro de 2005
Querida Teresa:
Estou a passar por uma fase de entorpecimento emocional, não me angustia o vazio da tua imagem nem a apatia da tua voz. Nem tento esforçar-me para encontrar um pretexto para te escrever, mandar um postal, sugar as tuas palavras melosas para abarcar uma alegria efémera. Quero deixar-te livre e segura para que eu também possa encontrar o meu caminho de libertação.
Estou a passar por uma fase de entorpecimento emocional, não me angustia o vazio da tua imagem nem a apatia da tua voz. Nem tento esforçar-me para encontrar um pretexto para te escrever, mandar um postal, sugar as tuas palavras melosas para abarcar uma alegria efémera. Quero deixar-te livre e segura para que eu também possa encontrar o meu caminho de libertação.
Monday, October 24, 2005
24 de Outubro de 2005
Querida Teresa:
Desculpa esta longa ausência, tive problemas com o pc e só hoje pude vir à net. De qualquer forma, pouco tenho a dizer-te, trocámos um postal virtual no dia dos nossos anos, o conteúdo do teu era tão fútil e ridículo que nem vale a pena repensar nisso. É assim, nunca me hás-de dar o suficiente enquanto tento fazer milagres com as minhas palavras que começo a interrogar-me profundamente sobre o seu propósito. Chegarem até ti, um dia? E o que farás com elas? O meu corpo pesa cada vez mais com a tua ausência nos meus sonhos, com a tua indiferença hostil perante o meu desespero; é verdade, não há nada pior que a indiferença.
Desculpa esta longa ausência, tive problemas com o pc e só hoje pude vir à net. De qualquer forma, pouco tenho a dizer-te, trocámos um postal virtual no dia dos nossos anos, o conteúdo do teu era tão fútil e ridículo que nem vale a pena repensar nisso. É assim, nunca me hás-de dar o suficiente enquanto tento fazer milagres com as minhas palavras que começo a interrogar-me profundamente sobre o seu propósito. Chegarem até ti, um dia? E o que farás com elas? O meu corpo pesa cada vez mais com a tua ausência nos meus sonhos, com a tua indiferença hostil perante o meu desespero; é verdade, não há nada pior que a indiferença.
Wednesday, September 28, 2005
28 de Setembro de 2005
Querida Teresa:
Não sei responder a tua pergunta “como permaneces tão igual?”, será que é mau ser como sou, será que te incomodo com o meu desvelo solitário e ininterrupto? Aos teus olhos continuo a ser a menina de 18 anos que conheceste por ironia do destino, que titubeia, que cora, que é capaz de esvoaçar só de te olhar e o mundo cessar de súbito mais o silêncio que afunda pela calçada da cidade onde em breves momentos juntas atapetámos. Sim, creio que continuo a ser essa menina que só de me lembrar da tua presença, morro de aflição.
Não sei responder a tua pergunta “como permaneces tão igual?”, será que é mau ser como sou, será que te incomodo com o meu desvelo solitário e ininterrupto? Aos teus olhos continuo a ser a menina de 18 anos que conheceste por ironia do destino, que titubeia, que cora, que é capaz de esvoaçar só de te olhar e o mundo cessar de súbito mais o silêncio que afunda pela calçada da cidade onde em breves momentos juntas atapetámos. Sim, creio que continuo a ser essa menina que só de me lembrar da tua presença, morro de aflição.
Thursday, September 22, 2005
22 de Setembro de 2005
Querida Teresa:
Ontem mandei-te um poema meu para que me digas alguma coisa, para derrubar a clausura do teu silêncio que já se torna hostil:
às vezes parece que se morre na seda trémula da tua voz
voo rasante de pássaro livre
rios matinais que destoam as margens da minha boca
cobrindo a minha alma de luares argênteos da tua ternura
calo-me porque as palavras estão sujas
mal cabem nas linhas do destino onde te abrigo no
interior do mar revolto por isso
peço-te que inventes um corpo jovem de mármore polido
para que te fulmine na gruta mágica dos meus lençóis
agora que sustenho o teu peso nos meus ombros nus
mergulha na total escuridão alucinada deste quarto onde te possuo
para sempre, talvez seja demasiado tempo para decifrar
o caleidoscópio do indizível
talvez o meu silêncio cruel te procure e
continue a fugir para os terrenos saibrosos da cobardia
mas ouve o grito de aflição contido neste rascunho
ouve-me esta noite
20.09.05
Ontem mandei-te um poema meu para que me digas alguma coisa, para derrubar a clausura do teu silêncio que já se torna hostil:
às vezes parece que se morre na seda trémula da tua voz
voo rasante de pássaro livre
rios matinais que destoam as margens da minha boca
cobrindo a minha alma de luares argênteos da tua ternura
calo-me porque as palavras estão sujas
mal cabem nas linhas do destino onde te abrigo no
interior do mar revolto por isso
peço-te que inventes um corpo jovem de mármore polido
para que te fulmine na gruta mágica dos meus lençóis
agora que sustenho o teu peso nos meus ombros nus
mergulha na total escuridão alucinada deste quarto onde te possuo
para sempre, talvez seja demasiado tempo para decifrar
o caleidoscópio do indizível
talvez o meu silêncio cruel te procure e
continue a fugir para os terrenos saibrosos da cobardia
mas ouve o grito de aflição contido neste rascunho
ouve-me esta noite
20.09.05
Sunday, September 18, 2005
18 de Setembro de 2005
Querida Teresa:
"it feels good to know i'm still somewhere in ur heart". Também me sinto bem em fazer-te sentir bem e há dias em que só tu me consegues fazer sentir bem, viva, cintilante. Mais nada se disse entre nós, não sei o que te dizer e como te dizer tudo aquilo que tenho para te dizer, não sei, aliás talvez tudo o que te disser não fará sentido e nunca fez.
Aproxima-se o dia dos teus anos e dos meus, já passaram quantas primaveras? Por pouco és considerada quarentona! Eu sei que te enjoa e perturba a velhice mas no teu caso, quanto mais velha, mais bela e saborosa, mais minha.
"it feels good to know i'm still somewhere in ur heart". Também me sinto bem em fazer-te sentir bem e há dias em que só tu me consegues fazer sentir bem, viva, cintilante. Mais nada se disse entre nós, não sei o que te dizer e como te dizer tudo aquilo que tenho para te dizer, não sei, aliás talvez tudo o que te disser não fará sentido e nunca fez.
Aproxima-se o dia dos teus anos e dos meus, já passaram quantas primaveras? Por pouco és considerada quarentona! Eu sei que te enjoa e perturba a velhice mas no teu caso, quanto mais velha, mais bela e saborosa, mais minha.
Thursday, September 01, 2005
1 de Setembro de 2005
Querida Teresa:
Há muito tempo que não te beijo levemente com as palavras através deste blog. Foram várias razões e a principal é o facto do pc estar "doente", já o formatei uma vez mas o mal continua, assim não te consigo falar... Além disso, não me disseste nada desde que partiste da tua terra natal, sabes que me custa gritar e só ter o eco de volta; hoje mandei-te um postal virtual, espero que me respondas, ao menos diz obrigada ou coisa parecida...
No final do ano espero mudar-me de casa, aí terei todo o tempo e espaço do mundo para me dedicar a ti, do género na madrugada levantar-me da cama e vir até aqui chorar as palavras que nunca lerás.
Há muito tempo que não te beijo levemente com as palavras através deste blog. Foram várias razões e a principal é o facto do pc estar "doente", já o formatei uma vez mas o mal continua, assim não te consigo falar... Além disso, não me disseste nada desde que partiste da tua terra natal, sabes que me custa gritar e só ter o eco de volta; hoje mandei-te um postal virtual, espero que me respondas, ao menos diz obrigada ou coisa parecida...
No final do ano espero mudar-me de casa, aí terei todo o tempo e espaço do mundo para me dedicar a ti, do género na madrugada levantar-me da cama e vir até aqui chorar as palavras que nunca lerás.
Thursday, July 28, 2005
28 de Julho de 2005
Querida Teresa:
Soube pela minha prima que estás cá em Portugal, fiquei radiante por saber que ela te viu e estiveram no mesmo avião, disse-me que continuavas lindíssima, quase que te vi e te senti só por ouvi-la falar... Mandei-te um e-mail mas não terei resposta tão cedo agora que estás de férias, também tive uma semana, acampei com os amigos, gozar manhãs de sol intenso na praia é o melhor do mundo (a seguir a ti).
Soube pela minha prima que estás cá em Portugal, fiquei radiante por saber que ela te viu e estiveram no mesmo avião, disse-me que continuavas lindíssima, quase que te vi e te senti só por ouvi-la falar... Mandei-te um e-mail mas não terei resposta tão cedo agora que estás de férias, também tive uma semana, acampei com os amigos, gozar manhãs de sol intenso na praia é o melhor do mundo (a seguir a ti).
Wednesday, June 29, 2005
29 de Junho de 2005
Querida Teresa:
Estava prestes a mandar-te um poema de Nuno Júdice do seu livro "Pedro lembrando Inês" que adquiri na feira do livro de Lisboa há umas semanas atrás. Mas como sou balança, vacilei. Estás cada vez mais longe da minha memória, não sei quando voltarei a ver-te e se esse dia vier terei coragem? Preciso de voltar a escrever, perdoa-me a falta de inspiração, mereces muito mais do que estas pobres palavras que te envio, pobres palavras interditas.
Estava prestes a mandar-te um poema de Nuno Júdice do seu livro "Pedro lembrando Inês" que adquiri na feira do livro de Lisboa há umas semanas atrás. Mas como sou balança, vacilei. Estás cada vez mais longe da minha memória, não sei quando voltarei a ver-te e se esse dia vier terei coragem? Preciso de voltar a escrever, perdoa-me a falta de inspiração, mereces muito mais do que estas pobres palavras que te envio, pobres palavras interditas.
Tuesday, June 14, 2005
14 de Junho de 2005
Querida Teresa:
Morreu o nosso grande poeta que tanto estimas e por tua causa comecei também a descobrir o seu infindável encanto. Os melhores poetas desapareceram (os que me deste conhecer aos poucos) assim como uma parte de mim que ficou colada na palma da tua mão. Estou a viver tranquilamente perante o silêncio entre nós, é uma fase já natural da nossa relação, se é que me permites designá-la dessa forma. Embebedo-me através de filmes atrás de filmes para me esquecer da tua presença longínqua, da tua sombra vaga persecutória e da minha aparente insignificante existência.
Morreu o nosso grande poeta que tanto estimas e por tua causa comecei também a descobrir o seu infindável encanto. Os melhores poetas desapareceram (os que me deste conhecer aos poucos) assim como uma parte de mim que ficou colada na palma da tua mão. Estou a viver tranquilamente perante o silêncio entre nós, é uma fase já natural da nossa relação, se é que me permites designá-la dessa forma. Embebedo-me através de filmes atrás de filmes para me esquecer da tua presença longínqua, da tua sombra vaga persecutória e da minha aparente insignificante existência.
Wednesday, June 08, 2005
8 de Junho de 2005
Querida Teresa:
Long time no see... Estive de férias, fui até ao Algarve apanhar banhos de sol mas não me esqueci de ti, nem um dia. Fizeram-me bem esses dias, longe da loucura e soturnidade citadinas, o mar oferece-me tranquilidade e paz de espírito que há muito perdi. É estranho que não tenho vontade de te dizer isto tudo para que me possas responder (acaso te apetecesse), deste modo não terei a esperança vã, a ilusão sempre adiada de um beco sem saída.
Long time no see... Estive de férias, fui até ao Algarve apanhar banhos de sol mas não me esqueci de ti, nem um dia. Fizeram-me bem esses dias, longe da loucura e soturnidade citadinas, o mar oferece-me tranquilidade e paz de espírito que há muito perdi. É estranho que não tenho vontade de te dizer isto tudo para que me possas responder (acaso te apetecesse), deste modo não terei a esperança vã, a ilusão sempre adiada de um beco sem saída.
Tuesday, May 17, 2005
17 de Maio de 2005
Querida Teresa:
Já há alguns dias que não vim cá, tiveste saudades minhas? Creio que não. Mandei-te um postal a dizer que apesar de teres tanta gente a estimar-te, o meu amor por ti será o único eternamente fulgurante. Não me disseste nada, não sei se te incomodei com essa pequena declaração de amor mas enfim, se é verdade que mal há em dizer?
Estou cansada Teresa, demasiado silêncio entre nós.
Já há alguns dias que não vim cá, tiveste saudades minhas? Creio que não. Mandei-te um postal a dizer que apesar de teres tanta gente a estimar-te, o meu amor por ti será o único eternamente fulgurante. Não me disseste nada, não sei se te incomodei com essa pequena declaração de amor mas enfim, se é verdade que mal há em dizer?
Estou cansada Teresa, demasiado silêncio entre nós.
Monday, May 09, 2005
9 de Maio de 2005
Querida Teresa:
Disseste-me que poderíamos tomar um café quando viesses a portugal e que te desse o meu número de telemóvel. Não te disse nada, ainda, nem sei se vou dizer alguma coisa acerca disso porque não te quero ver, não te vou conseguir ver. É como se olhasse o sol de frente e isso traria consequências irreparáveis, queimar-me-ia como na última vez que nos encontrámos. Esta ideia é-me inconcebível e terás de me perdoar, pelo meu silêncio como resposta, ou melhor, a minha cobardia.
Disseste-me que poderíamos tomar um café quando viesses a portugal e que te desse o meu número de telemóvel. Não te disse nada, ainda, nem sei se vou dizer alguma coisa acerca disso porque não te quero ver, não te vou conseguir ver. É como se olhasse o sol de frente e isso traria consequências irreparáveis, queimar-me-ia como na última vez que nos encontrámos. Esta ideia é-me inconcebível e terás de me perdoar, pelo meu silêncio como resposta, ou melhor, a minha cobardia.
Thursday, May 05, 2005
5 de Maio de 2005
Querida Teresa:
Ontem mandei-te um postal virtual com a seguinte mensagem: se todas as vezes que pensasse em ti e te mandasse um postal então terias um milhão todos os dias à tua espera. E respondeste-me a dizer que se te mimassem todos os dias assim não terias mais nada a desejar, pois também ontem recebeste uma flor da tua amiga que ela secretamente pôs no teu gabinete... Fiquei contente por seres amada por tanta gente mas não consegui evitar uma pontinha de ciúme porque sempre lhe deste imensa importância, dizes-me que ela é especial, é inteligente, é eloquente, oferece-te o primeiro livro que edita, e começo a pensar se ela não gosta de ti de uma forma diferente? Enfim, o que importa é a tua satisfação, alegro-me ao saber que pelo menos o teu dia de ontem foi excepcional.
Ontem mandei-te um postal virtual com a seguinte mensagem: se todas as vezes que pensasse em ti e te mandasse um postal então terias um milhão todos os dias à tua espera. E respondeste-me a dizer que se te mimassem todos os dias assim não terias mais nada a desejar, pois também ontem recebeste uma flor da tua amiga que ela secretamente pôs no teu gabinete... Fiquei contente por seres amada por tanta gente mas não consegui evitar uma pontinha de ciúme porque sempre lhe deste imensa importância, dizes-me que ela é especial, é inteligente, é eloquente, oferece-te o primeiro livro que edita, e começo a pensar se ela não gosta de ti de uma forma diferente? Enfim, o que importa é a tua satisfação, alegro-me ao saber que pelo menos o teu dia de ontem foi excepcional.
Wednesday, May 04, 2005
4 de Maio de 2005
Querida Teresa:
Hoje fartei-me de trabalhar e é verdade que a terapia ocupacional resulta, pois não temos tempo em demasia para pensar no que não devemos e sabes que quando páro só penso em ti, no que poderás estar a fazer, a pensar, a dizer. Nem continentes e oceanos me separam de ti, existimos debaixo do mesmo céu, só não olhamos à mesma hora o alvorecer dos dias. E definitivamente não olhamos para a mesma direcção mas eu de tanto olhar-te ceguei-me e já não consigo ver mais nada ou alguém neste mundo.
Hoje fartei-me de trabalhar e é verdade que a terapia ocupacional resulta, pois não temos tempo em demasia para pensar no que não devemos e sabes que quando páro só penso em ti, no que poderás estar a fazer, a pensar, a dizer. Nem continentes e oceanos me separam de ti, existimos debaixo do mesmo céu, só não olhamos à mesma hora o alvorecer dos dias. E definitivamente não olhamos para a mesma direcção mas eu de tanto olhar-te ceguei-me e já não consigo ver mais nada ou alguém neste mundo.
Tuesday, May 03, 2005
3 de Maio de 2005
Querida Teresa:
Não me dizes nada, já é de esperar, quase um gesto natural teu cujo motivo não sei denominar nem penso sequer em opor. Faz o que achares melhor, o que o teu coração ditar, se não tens saudades de me ler como eu tenho de ti, paciência, quem ama sem ser correspondida sofre em silêncio incomensuravelmente. E tal como a tua amiga especial uma vez disse-me, o amor é belo, quem ama deve exaltá-lo, cantá-lo alegremente à pessoa amada. Como sempre, ela tem razão. Tu sabes que estarei sempre aqui.
Não me dizes nada, já é de esperar, quase um gesto natural teu cujo motivo não sei denominar nem penso sequer em opor. Faz o que achares melhor, o que o teu coração ditar, se não tens saudades de me ler como eu tenho de ti, paciência, quem ama sem ser correspondida sofre em silêncio incomensuravelmente. E tal como a tua amiga especial uma vez disse-me, o amor é belo, quem ama deve exaltá-lo, cantá-lo alegremente à pessoa amada. Como sempre, ela tem razão. Tu sabes que estarei sempre aqui.
Thursday, April 28, 2005
28 de Abril de 2005
Querida Teresa:
Escrevo-te para finalizar o meu dia de hoje, mais um para rasgar, mais um para te evocar. Preciso de te ouvir, ou melhor, de te ler mas não sei o que te escrever, não tenho novidades, não tenho poesia, só vejo um muro espesso e intransponível a separar-nos e a palavra é a única ponte onde posso chegar até ti. Vou-te mandar um poema de Maria do Rosário Pedreira que particularmente me tocou. Um beijo e até amanhã*
Escrevo-te para finalizar o meu dia de hoje, mais um para rasgar, mais um para te evocar. Preciso de te ouvir, ou melhor, de te ler mas não sei o que te escrever, não tenho novidades, não tenho poesia, só vejo um muro espesso e intransponível a separar-nos e a palavra é a única ponte onde posso chegar até ti. Vou-te mandar um poema de Maria do Rosário Pedreira que particularmente me tocou. Um beijo e até amanhã*
Wednesday, April 27, 2005
27 de Abril de 2005
Querida Teresa:
Hoje estive de folga, passei o fim da tarde a reler os teus e-mails e a contá-los, são ao todo 137, incluindo e-cards, fwd's, poemas e fotos. Queria falar contigo, ouvir-te, olhar-te mas neste momento é impossível como ser feliz. O tempo passa e reparo que nada mudou, sou a mesma alma perdida que conheceste há seis anos atrás, isso assusta-me deveras. Será que tu mudaste alguma coisa? Será que um dia vais olhar para mim com outros olhos?...
Hoje estive de folga, passei o fim da tarde a reler os teus e-mails e a contá-los, são ao todo 137, incluindo e-cards, fwd's, poemas e fotos. Queria falar contigo, ouvir-te, olhar-te mas neste momento é impossível como ser feliz. O tempo passa e reparo que nada mudou, sou a mesma alma perdida que conheceste há seis anos atrás, isso assusta-me deveras. Será que tu mudaste alguma coisa? Será que um dia vais olhar para mim com outros olhos?...
Tuesday, April 26, 2005
26 de Abril de 2005
Querida Teresa:
Poderias ter-me dito mais alguma coisa sem ser um simples “obrigada” mas já alegraste a minha alma e intensificaste o rio por onde corre o meu sangue cujo objectivo é chegar até ti, um dia. Fico contente por gostares do meu poema, sonho em poder ler-te todos que escrevi até hoje, numa noite de céu límpido e estrelado, à beira-mar, descobrir todos os teus segredos mais recônditos e ver-te adormecer lentamente entre os meus braços. Aí eu poderei finalmente morrer sob a tua fatal fragrância ao sabor da maresia.
Poderias ter-me dito mais alguma coisa sem ser um simples “obrigada” mas já alegraste a minha alma e intensificaste o rio por onde corre o meu sangue cujo objectivo é chegar até ti, um dia. Fico contente por gostares do meu poema, sonho em poder ler-te todos que escrevi até hoje, numa noite de céu límpido e estrelado, à beira-mar, descobrir todos os teus segredos mais recônditos e ver-te adormecer lentamente entre os meus braços. Aí eu poderei finalmente morrer sob a tua fatal fragrância ao sabor da maresia.
Thursday, April 21, 2005
21 de Abril de 2005
Querida Teresa:
Vim conversar contigo antes de me deitar, amanhã é um novo dia mas o coração teima em permanecer no passado, continuo imperceptivelmente a esperar-te no meu abismo que também um dia já compartilhaste comigo. O que sinto não deve ser amor, é obsessão, uma doença crónica mas não mortal, uma teimosia patológica, se é que posso chamar assim. Ao menos não absorvo o vazio total do quotidiano porque existes e transfiguras a minha vida num romance deleitavelmente amargo.
Vim conversar contigo antes de me deitar, amanhã é um novo dia mas o coração teima em permanecer no passado, continuo imperceptivelmente a esperar-te no meu abismo que também um dia já compartilhaste comigo. O que sinto não deve ser amor, é obsessão, uma doença crónica mas não mortal, uma teimosia patológica, se é que posso chamar assim. Ao menos não absorvo o vazio total do quotidiano porque existes e transfiguras a minha vida num romance deleitavelmente amargo.
Tuesday, April 19, 2005
19 de Abril de 2005
Querida Teresa:
Afinal vou só no próximo ano, terei mais tempo para me preparar ou até fantasiar o momento em que nos poderemos encontrar. Continuamos silenciosas, não vou esboçar nenhum gesto, falarei contigo através da escrita como sempre fora. Ontem escrevi um poema dedicado a ti como é óbvio, publiquei noutro blog e acho que nunca foste lá, gostava que pudesses deixar um comentário, assim esse lugar teria ao menos um sentido.
Afinal vou só no próximo ano, terei mais tempo para me preparar ou até fantasiar o momento em que nos poderemos encontrar. Continuamos silenciosas, não vou esboçar nenhum gesto, falarei contigo através da escrita como sempre fora. Ontem escrevi um poema dedicado a ti como é óbvio, publiquei noutro blog e acho que nunca foste lá, gostava que pudesses deixar um comentário, assim esse lugar teria ao menos um sentido.
Wednesday, April 13, 2005
13 de Abril de 2005
Querida Teresa:
Talvez em Outubro eu volte à minha terra natal, estarás aí como sempre estiveste na sombra de todos os meus passos, vou sofrer pela tua presença física, a distância não passará do virar da esquina, o terror de te poder encontrar em qualquer parte triturar-me-à totalmente. Acho que não te vou contactar, não estou em condições para te ver, para me expor, nego a possibilidade de morrer mais uma vez sob o rubor do teu sorriso.
Talvez em Outubro eu volte à minha terra natal, estarás aí como sempre estiveste na sombra de todos os meus passos, vou sofrer pela tua presença física, a distância não passará do virar da esquina, o terror de te poder encontrar em qualquer parte triturar-me-à totalmente. Acho que não te vou contactar, não estou em condições para te ver, para me expor, nego a possibilidade de morrer mais uma vez sob o rubor do teu sorriso.
Saturday, April 09, 2005
9 de Abril de 2005
Querida Teresa:
É sábado, vou estar quatro dias em casa, uma espécie de mini-férias que me vão ajudar a relaxar e a esquecer a futilidade do quotidiano do trabalho. Bem, há mais de uma semana que não tenho notícias tuas, não te vou escrever, o cansaço que tombou sobre mim é demasiado e voltei à ideia de desistir de ti, de te encontrar, de cavar na areia a imagem que desapareceu há imenso tempo e que toda a gente sabe que não vai regressar. Um dia destes invadir-me-à aquela saudade surreal e escrever-te-ei asfixiada pela tua ausência infinita.
É sábado, vou estar quatro dias em casa, uma espécie de mini-férias que me vão ajudar a relaxar e a esquecer a futilidade do quotidiano do trabalho. Bem, há mais de uma semana que não tenho notícias tuas, não te vou escrever, o cansaço que tombou sobre mim é demasiado e voltei à ideia de desistir de ti, de te encontrar, de cavar na areia a imagem que desapareceu há imenso tempo e que toda a gente sabe que não vai regressar. Um dia destes invadir-me-à aquela saudade surreal e escrever-te-ei asfixiada pela tua ausência infinita.
Monday, April 04, 2005
4 de Abril de 2005
Querida Teresa:
Já perdi a vontade de abrir o mail porque sei que não estás lá. Se calhar nunca estiveste da forma como eu tenho vindo a idealizar, teimo em persistir a tua breve existência na minha vida perdurando-a para todo o sempre e por isso é que dizes que o meu amor é estranho. Gostava de não sentir, ser outra pessoa, ter outra vida, renascer.
Já perdi a vontade de abrir o mail porque sei que não estás lá. Se calhar nunca estiveste da forma como eu tenho vindo a idealizar, teimo em persistir a tua breve existência na minha vida perdurando-a para todo o sempre e por isso é que dizes que o meu amor é estranho. Gostava de não sentir, ser outra pessoa, ter outra vida, renascer.
Thursday, March 31, 2005
31 de Março de 2005
Querida Teresa:
O calor está de volta, escrevo-te com amargura porque ainda não me disseste nada e sei que tão cedo não terei novas tuas. Que posso fazer? Não me apetece escrever-te a choramingar "porque não me dizes nada?", "foi algo que falei para tu te afundares no silêncio?", "tenho saudades de te ler", essas tretas todas! Oh Teresa, por que me dás um doce e depois viras as costas e desapareces? Não te entendo, não queria sentir tudo isto que dá cabo de mim.
O calor está de volta, escrevo-te com amargura porque ainda não me disseste nada e sei que tão cedo não terei novas tuas. Que posso fazer? Não me apetece escrever-te a choramingar "porque não me dizes nada?", "foi algo que falei para tu te afundares no silêncio?", "tenho saudades de te ler", essas tretas todas! Oh Teresa, por que me dás um doce e depois viras as costas e desapareces? Não te entendo, não queria sentir tudo isto que dá cabo de mim.
Tuesday, March 29, 2005
29 de Março de 2005
Querida Teresa:
Hoje abri o e-mail box e não te encontrei. Fiquei tão desiludida parece que a manhã escureceu a partir daquele instante. Depois pensei, podes estar ocupada, podes ter saído para dar um longo passeio com o teu filho e não tiveste tempo suficiente para me escrever. Ou a pior das hipóteses, fartaste-te de mim, não me vais querer ler amanhã ou depois de amanhã, tudo bem, vou-te dar espaço, não te chateio mais.
Hoje abri o e-mail box e não te encontrei. Fiquei tão desiludida parece que a manhã escureceu a partir daquele instante. Depois pensei, podes estar ocupada, podes ter saído para dar um longo passeio com o teu filho e não tiveste tempo suficiente para me escrever. Ou a pior das hipóteses, fartaste-te de mim, não me vais querer ler amanhã ou depois de amanhã, tudo bem, vou-te dar espaço, não te chateio mais.
Monday, March 28, 2005
28 de Março de 2005
Querida Teresa:
Mandaste-me uma foto, continuas linda é claro apesar de ter notado umas rugas a brotar no canto dos teus olhos mas isso é natural e não diminui a tua beleza e o impacto que ela tem em mim. Mandei-te a minha também, disseste que eu pareço uma menina, será que é bom ou mau? Preferias-me mais madura? Gostas de mim assim? Não te vou fazer essas perguntas, pois tenho medo que fujas (novamente). Estás de férias por isso tens mais tempo para responder aos meus e-mails, não imaginas como me alegra ler o teu nome quando abro a página, hoje está de chuva mas sinto toda a luz do sol a inundar a minha alma. Adoro-te.
Mandaste-me uma foto, continuas linda é claro apesar de ter notado umas rugas a brotar no canto dos teus olhos mas isso é natural e não diminui a tua beleza e o impacto que ela tem em mim. Mandei-te a minha também, disseste que eu pareço uma menina, será que é bom ou mau? Preferias-me mais madura? Gostas de mim assim? Não te vou fazer essas perguntas, pois tenho medo que fujas (novamente). Estás de férias por isso tens mais tempo para responder aos meus e-mails, não imaginas como me alegra ler o teu nome quando abro a página, hoje está de chuva mas sinto toda a luz do sol a inundar a minha alma. Adoro-te.
Wednesday, March 23, 2005
23 de Março de 2005
Querida Teresa:
Resolvi escrever-te e acabaste por me responder. Não sei se foi impressão minha mas senti que estavas impaciente talvez estejas cansada com o trabalho ou com os mil afazeres que estão sempre à tua espera. Escrevi-te outro e-mail mesmo agora, não conseguia deixar para amanhã apesar do sono que me está a invadir, pois assim sou capaz de te ler mais rapidamente.
Sabes, acho que ainda não conseguiste aceitar o facto de eu ser lésbica e o pior é a possibilidade de desejar-te, querer tocar-te e esperar que algo íntimo ou físico possa acontecer entre nós mas repara que nunca te faltei ao respeito e jamais o farei, os abraços que existiam entre nós foste tu que mos deste, não te pedi nada, nem hoje peço... talvez um pouco de atenção, nada mais.
Resolvi escrever-te e acabaste por me responder. Não sei se foi impressão minha mas senti que estavas impaciente talvez estejas cansada com o trabalho ou com os mil afazeres que estão sempre à tua espera. Escrevi-te outro e-mail mesmo agora, não conseguia deixar para amanhã apesar do sono que me está a invadir, pois assim sou capaz de te ler mais rapidamente.
Sabes, acho que ainda não conseguiste aceitar o facto de eu ser lésbica e o pior é a possibilidade de desejar-te, querer tocar-te e esperar que algo íntimo ou físico possa acontecer entre nós mas repara que nunca te faltei ao respeito e jamais o farei, os abraços que existiam entre nós foste tu que mos deste, não te pedi nada, nem hoje peço... talvez um pouco de atenção, nada mais.
Thursday, March 17, 2005
17 de Março de 2005
Querida Teresa:
Ontem estive a remexer nos papéis antigos, reli alguns e-mails que me mandaste, contemplei as tuas fotos que imprimi e fiquei com uma vontade tão grande de te escrever, de te abraçar através das palavras, pois já que doutra forma isso é impossível, não só pela distância mas também pelo facto de saber que não ias gostar muito. Para redimir um pouco desta saudade colossal, escrevo-te aqui talvez um dia venhas a saber, só espero vir a ser uma boa surpresa, fazer-te sentir que és especial, importante, que a tua existência não é vã nem sequer é cruel para mim como tu uma vez me disseste.
Gostava de te contar as novidades mas há uma força inconcebível que me retrai, não sei se é o eterno medo de ser desprezada, de ser chata, não gosto chatear-te, tu sabes disso, só quero o teu bem. És o meu tesouro.
Ontem estive a remexer nos papéis antigos, reli alguns e-mails que me mandaste, contemplei as tuas fotos que imprimi e fiquei com uma vontade tão grande de te escrever, de te abraçar através das palavras, pois já que doutra forma isso é impossível, não só pela distância mas também pelo facto de saber que não ias gostar muito. Para redimir um pouco desta saudade colossal, escrevo-te aqui talvez um dia venhas a saber, só espero vir a ser uma boa surpresa, fazer-te sentir que és especial, importante, que a tua existência não é vã nem sequer é cruel para mim como tu uma vez me disseste.
Gostava de te contar as novidades mas há uma força inconcebível que me retrai, não sei se é o eterno medo de ser desprezada, de ser chata, não gosto chatear-te, tu sabes disso, só quero o teu bem. És o meu tesouro.
Monday, March 14, 2005
14 de Março de 2005
Querida Teresa:
Tenho tido imenso trabalho e por isso é natural que esteja cansada fisicamente. Nem são dez horas da noite e já estou com sono, fiz questão em vir dar-te um beijinho de boa noite antes de ir para a cama. Sabes, infelizmente é raro sonhar contigo, as poucas vezes que sonho acordo tão bem disposta, deixa-me na pele a leve sensação de que estivemos mesmo juntas, quase que te sinto como em outrora quando tomávamos um café... Basta a tua presença para cintilar o meu dia mas até a vaga memória dela faz tanta diferença.
Tenho tido imenso trabalho e por isso é natural que esteja cansada fisicamente. Nem são dez horas da noite e já estou com sono, fiz questão em vir dar-te um beijinho de boa noite antes de ir para a cama. Sabes, infelizmente é raro sonhar contigo, as poucas vezes que sonho acordo tão bem disposta, deixa-me na pele a leve sensação de que estivemos mesmo juntas, quase que te sinto como em outrora quando tomávamos um café... Basta a tua presença para cintilar o meu dia mas até a vaga memória dela faz tanta diferença.
Thursday, March 10, 2005
10 de Março de 2005
Querida Teresa:
Pensei em escrever-te mas vacilei, temo em não obter resposta e isso seria prova de que estou a incomodar-te. Infelizmente sei que te incomodo com a minha dedicação sôfrega, a minha ansiedade de te tocar levemente através das palavras, sei que tens medo de me dar esperanças de que um dia algo poderá existir entre nós. Eu sei que não te mereço, não sou homem bem constituído, elegante, bonito, charmoso como o Brad Pitt que tanto gostas; sou simplesmente uma mulher sensível com rios de amor à espera de transbordar para o teu corpo, não sou capaz de te erguer com os meus braços mas seria capaz de perdurar a tua existência com a minha palavra, rechear as tuas horas com o meu amor incomensurável, amar-te inteira, cada fio de cabelo teu, cada ínfimo poro da tua pele.
Pensei em escrever-te mas vacilei, temo em não obter resposta e isso seria prova de que estou a incomodar-te. Infelizmente sei que te incomodo com a minha dedicação sôfrega, a minha ansiedade de te tocar levemente através das palavras, sei que tens medo de me dar esperanças de que um dia algo poderá existir entre nós. Eu sei que não te mereço, não sou homem bem constituído, elegante, bonito, charmoso como o Brad Pitt que tanto gostas; sou simplesmente uma mulher sensível com rios de amor à espera de transbordar para o teu corpo, não sou capaz de te erguer com os meus braços mas seria capaz de perdurar a tua existência com a minha palavra, rechear as tuas horas com o meu amor incomensurável, amar-te inteira, cada fio de cabelo teu, cada ínfimo poro da tua pele.
Monday, March 07, 2005
7 de Março de 2005
Querida Teresa:
Há uma vaga sensação de desconforto, não sei o que é, não consigo ainda decifrar a sua causa, tactear a sua textura, é provável que provenha da tua ausência cada vez mais longa, cada vez mais profunda mas tenho de acrescentar um ponto curioso: já não te espero ao virar da esquina da eternidade, não vou lançar mais gritos contidos em lágrimas ao mar para que os oiças ao longe. Cansei-me de ser um farrapo compadecido prostrado a teus pés sem dignidade, brilho e vida. Quero provar-te que também sou luz, capaz de trespassar-te, ruborizar-te, fazer-te ascender até à plenitude do ser e por isso não te espero, irei ao teu encontro no dia em que todos os sinos do mundo ribombarem para te dizer o quanto te amo!
Há uma vaga sensação de desconforto, não sei o que é, não consigo ainda decifrar a sua causa, tactear a sua textura, é provável que provenha da tua ausência cada vez mais longa, cada vez mais profunda mas tenho de acrescentar um ponto curioso: já não te espero ao virar da esquina da eternidade, não vou lançar mais gritos contidos em lágrimas ao mar para que os oiças ao longe. Cansei-me de ser um farrapo compadecido prostrado a teus pés sem dignidade, brilho e vida. Quero provar-te que também sou luz, capaz de trespassar-te, ruborizar-te, fazer-te ascender até à plenitude do ser e por isso não te espero, irei ao teu encontro no dia em que todos os sinos do mundo ribombarem para te dizer o quanto te amo!
Wednesday, March 02, 2005
1 de Março de 2005
Querida Teresa:
Imagino-te defronte de mim como em outrora estiveras, graciosamente subtil, és uma infinda luz impossível de alcançar, olho-te taciturna quase cabisbaixa porque a tua presença aniquila tudo que existe à minha volta, todos os poros onde se respira, as palavras que tanto amo adquiram uma existência fora da minha total compreensão - desvanecem.
Será que alguma vez entendeste a cultura do meu mutismo ensurdecedor?
Imagino-te defronte de mim como em outrora estiveras, graciosamente subtil, és uma infinda luz impossível de alcançar, olho-te taciturna quase cabisbaixa porque a tua presença aniquila tudo que existe à minha volta, todos os poros onde se respira, as palavras que tanto amo adquiram uma existência fora da minha total compreensão - desvanecem.
Será que alguma vez entendeste a cultura do meu mutismo ensurdecedor?
Tuesday, March 01, 2005
28 de Fevereiro de 2005
Querida Teresa:
Estou no café, a pensar em ti e escrevo-te através dum guardanapo quadriculado para me aproximar de ti, para unir o meu abismo ao teu, para não respirar o odor do vácuo e da solidão que os lugares públicos me causam.
Estou rodeada de gente aprisionada na TV por causa dum jogo de futebol, não me diz absolutamente nada, na maior parte das vezes vivo fora do tempo e espaço presentes, teimo em permanecer onde tu me deixaste, simplesmente estagnei e não sei como me encontrar.
Hoje estou particularmente sensível e a vida parece-me infinitamente insustentável.
Estou no café, a pensar em ti e escrevo-te através dum guardanapo quadriculado para me aproximar de ti, para unir o meu abismo ao teu, para não respirar o odor do vácuo e da solidão que os lugares públicos me causam.
Estou rodeada de gente aprisionada na TV por causa dum jogo de futebol, não me diz absolutamente nada, na maior parte das vezes vivo fora do tempo e espaço presentes, teimo em permanecer onde tu me deixaste, simplesmente estagnei e não sei como me encontrar.
Hoje estou particularmente sensível e a vida parece-me infinitamente insustentável.
Sunday, February 27, 2005
27 de Fevereiro de 2005
Querida Teresa:
Abro o e-mail box já sem esperança de te ler, é-me indiferente, quer dizer, claro que me ias alegrar com uma palavra tua como os sorrisos que dantes espalhavas sob o pedestal de oiro, inconscientemente... Mal tu imaginavas o peso milenar que isso sustentava e provocava em mim, em todo o meu corpo pueril. Ainda sou a mesma, Teresa, a mesma que o destino quis que conhecêssemos há seis anos atrás e tu cada vez mais distante e vaga como os sonhos de menina que escondi por baixo da areia inexplorada duma praia qualquer...
Abro o e-mail box já sem esperança de te ler, é-me indiferente, quer dizer, claro que me ias alegrar com uma palavra tua como os sorrisos que dantes espalhavas sob o pedestal de oiro, inconscientemente... Mal tu imaginavas o peso milenar que isso sustentava e provocava em mim, em todo o meu corpo pueril. Ainda sou a mesma, Teresa, a mesma que o destino quis que conhecêssemos há seis anos atrás e tu cada vez mais distante e vaga como os sonhos de menina que escondi por baixo da areia inexplorada duma praia qualquer...
Thursday, February 24, 2005
24 de Fevereiro de 2004
Querida Teresa:
Tive o primeiro comentário aqui no blog, é engraçado como as pessoas normalmente ficam espantadas por este sentimento subtil que tenho por ti, não sei explicar, nunca soube fazer-te compreender nem tão pouco imaginas que ainda perdura depois de tanta ausência física e emocional. Um dia quando tiver coragem, quando estiver à altura, isto é, quando me sentir preparada e achar que é o momento dir-te-ei todas as palavras que até hoje não te disse.
Tive o primeiro comentário aqui no blog, é engraçado como as pessoas normalmente ficam espantadas por este sentimento subtil que tenho por ti, não sei explicar, nunca soube fazer-te compreender nem tão pouco imaginas que ainda perdura depois de tanta ausência física e emocional. Um dia quando tiver coragem, quando estiver à altura, isto é, quando me sentir preparada e achar que é o momento dir-te-ei todas as palavras que até hoje não te disse.
Tuesday, February 22, 2005
22 de Fevereiro de 2005
Querida Teresa:
Foi uma surpresa vir ao blog e ver que veio cá visitar-nos tanta gente, um dia também virás e saberás finalmente o quanto te adoro. Não tenho tido notícias tuas, de qualquer modo não te vou obrigar a escrever-me, quando tiveres uma pontinha de saudade minha hás-de me bater à porta do coração. O tempo por cá está frio mas nem se compara com a sensação gélida da alma, do vazio que deixaste em mim ou que a vida foi deixando e acrescentando com a sua foice de crueldade. É claro que também existem coisas bonitas, dignas de celebração, pois ao fim e ao cabo, a vida é um milagre. E tu também.
Foi uma surpresa vir ao blog e ver que veio cá visitar-nos tanta gente, um dia também virás e saberás finalmente o quanto te adoro. Não tenho tido notícias tuas, de qualquer modo não te vou obrigar a escrever-me, quando tiveres uma pontinha de saudade minha hás-de me bater à porta do coração. O tempo por cá está frio mas nem se compara com a sensação gélida da alma, do vazio que deixaste em mim ou que a vida foi deixando e acrescentando com a sua foice de crueldade. É claro que também existem coisas bonitas, dignas de celebração, pois ao fim e ao cabo, a vida é um milagre. E tu também.
Tuesday, February 15, 2005
15 de Fevereiro de 2005
Querida Teresa:
Pra semana escrever-te-ei sobre aquele assunto da terapia, pois por ora não tenho mais nada a acrescentar. Não me apetece nada, não sei por que viver.
Pra semana escrever-te-ei sobre aquele assunto da terapia, pois por ora não tenho mais nada a acrescentar. Não me apetece nada, não sei por que viver.
Wednesday, February 09, 2005
9 de Fevereiro de 2005
Querida Teresa:
Tens de me desculpar esta breve ausência de teclado, para além de ultimamente ter andado deprimida, sem vontade de fazer nada, nem escrever, não tenho tido possibilidades de vir à net. Escrevi-te um e-mail a contar o meu estado emocional, tu compreendes-me, apesar de tudo. Também carregas a mesma sina de balanças, será que somos almas gémeas? Que horror, claro que não, sou demasiado reles, não mereço nada.
Apetece-me voar, para longe, tens coragem de vir comigo?
Tens de me desculpar esta breve ausência de teclado, para além de ultimamente ter andado deprimida, sem vontade de fazer nada, nem escrever, não tenho tido possibilidades de vir à net. Escrevi-te um e-mail a contar o meu estado emocional, tu compreendes-me, apesar de tudo. Também carregas a mesma sina de balanças, será que somos almas gémeas? Que horror, claro que não, sou demasiado reles, não mereço nada.
Apetece-me voar, para longe, tens coragem de vir comigo?
Wednesday, January 26, 2005
26 de Janeiro de 2005
Querida Teresa:
Quando menos espero é que me fazes uma surpresa. Escreveste-me logo dois e-mails, quer dizer um que o outro é fwd, os tais e-mails que reencaminham para toda a gente sem interesse nenhum. Alegraste-me a manhã mas existe sempre aquela tristeza vaga que pousa no canto da minha boca por imensos motivos incluindo a tua ausência física. Discuti com um colega de trabalho que por incrível que pareça eu é que acabei por me sentir mal e culpada... Hoje deve ser daqueles dias que se riscam no calendário para esquecer definitivamente. E existe a eterna angústia, a velha angústia de Álvaro de Campos...
Quando menos espero é que me fazes uma surpresa. Escreveste-me logo dois e-mails, quer dizer um que o outro é fwd, os tais e-mails que reencaminham para toda a gente sem interesse nenhum. Alegraste-me a manhã mas existe sempre aquela tristeza vaga que pousa no canto da minha boca por imensos motivos incluindo a tua ausência física. Discuti com um colega de trabalho que por incrível que pareça eu é que acabei por me sentir mal e culpada... Hoje deve ser daqueles dias que se riscam no calendário para esquecer definitivamente. E existe a eterna angústia, a velha angústia de Álvaro de Campos...
Tuesday, January 25, 2005
25 de Janeiro de 2005
Querida Teresa:
Ontem fui a Coimbra ter com uma amiga com a intenção de falar sobre ti, desabafar abertamente, espalhar os cacos sentimentais no chão para ver se juntas conseguimos encontrar uma solução de os unir novamente. Em vão. Tenho a sensação que ninguém me consegue compreender nem tão pouco sei explicar o turbilhão de emoções que redemoinham constantemente na minha alma.
Finalmente disseste alguma coisa, respondeste ao meu (ridículo) e-mail, por incrível que pareça não tive a reacção imediata de te escrever, sou boa entendedora, pelas tuas poucas palavras que pareciam gozar comigo, atirar uma esmola ao chão para que a mendiga a apanhe e te agradeça? Por ora, terás o meu silêncio que tanto desejas.
Ontem fui a Coimbra ter com uma amiga com a intenção de falar sobre ti, desabafar abertamente, espalhar os cacos sentimentais no chão para ver se juntas conseguimos encontrar uma solução de os unir novamente. Em vão. Tenho a sensação que ninguém me consegue compreender nem tão pouco sei explicar o turbilhão de emoções que redemoinham constantemente na minha alma.
Finalmente disseste alguma coisa, respondeste ao meu (ridículo) e-mail, por incrível que pareça não tive a reacção imediata de te escrever, sou boa entendedora, pelas tuas poucas palavras que pareciam gozar comigo, atirar uma esmola ao chão para que a mendiga a apanhe e te agradeça? Por ora, terás o meu silêncio que tanto desejas.
Friday, January 21, 2005
21 de Janeiro de 2005
Querida Teresa:
Hoje sinto-me tão exausta sobretudo psicologicamente. Ontem mandei-te um e-mail, mais um a lançar ao olvido do mar, impossível de alcançar ou compreender. Todos os dias leio mais de uma vez a única mensagem que me mandaste para recriar a tua irreal presença, a tua sombra intangível, uma memória distante do teu cheiro. Tens de me dar forças, ofertar uma palavra só para que eu possa continuar a lutar (o quê? para quê?) sendo tu a única tábua de salvação da podridão da minha alma...
"Boa noite, eu vou com as aves".
Hoje sinto-me tão exausta sobretudo psicologicamente. Ontem mandei-te um e-mail, mais um a lançar ao olvido do mar, impossível de alcançar ou compreender. Todos os dias leio mais de uma vez a única mensagem que me mandaste para recriar a tua irreal presença, a tua sombra intangível, uma memória distante do teu cheiro. Tens de me dar forças, ofertar uma palavra só para que eu possa continuar a lutar (o quê? para quê?) sendo tu a única tábua de salvação da podridão da minha alma...
"Boa noite, eu vou com as aves".
Wednesday, January 19, 2005
22:23
o vazio a transparecer a tua voz de irremediável naufrágio
o caos a revelar-me o teu rosto de medusa cosmopolita
feitiço inquebrável que viaja por todas as cidades onde parto
com sonhos amachucados dentro da bagagem
ainda detenho a vã esperança de que um dia
se tornem realidade pelo teu sopro mágico transatlântico...
o caos a revelar-me o teu rosto de medusa cosmopolita
feitiço inquebrável que viaja por todas as cidades onde parto
com sonhos amachucados dentro da bagagem
ainda detenho a vã esperança de que um dia
se tornem realidade pelo teu sopro mágico transatlântico...
12:47
Querida Teresa:
Abri várias vezes a caixa de correio com a esperança de te ler, no fundo sei que não me vais escrever mas existe sempre aquela luzinha ligeira a cintilar no meio do nada que deixará de brilhar ao fim de uma semana. Aí tentarei arranjar um novo pretexto para te escrever, o eterno ciclo vicioso começa, a longa espera na esquina hipotética do coração lavrado em lama. Renasço a partir de cada gesto teu, ultimamente sob as tuas breves palavras por o diálogo ser impossível, por mil muros instransponíveis nos separar.
Gostava tanto de te rever, Teresa, contemplar as finas arestas suaves do teu rosto, morrer na doçura infinita das tuas mãos e fotografar para o álbum de memória as curvas perfeitas e divinas do teu corpo. Estremeço só de soletrar o teu nome, a grandeza do teu nome esmaga-me, és demasiada grande como dizia Carolino à Sofia em "Aparição".
Ninguém poderá alguma vez ombrear com a tua beleza, ninguém, jamais.
Abri várias vezes a caixa de correio com a esperança de te ler, no fundo sei que não me vais escrever mas existe sempre aquela luzinha ligeira a cintilar no meio do nada que deixará de brilhar ao fim de uma semana. Aí tentarei arranjar um novo pretexto para te escrever, o eterno ciclo vicioso começa, a longa espera na esquina hipotética do coração lavrado em lama. Renasço a partir de cada gesto teu, ultimamente sob as tuas breves palavras por o diálogo ser impossível, por mil muros instransponíveis nos separar.
Gostava tanto de te rever, Teresa, contemplar as finas arestas suaves do teu rosto, morrer na doçura infinita das tuas mãos e fotografar para o álbum de memória as curvas perfeitas e divinas do teu corpo. Estremeço só de soletrar o teu nome, a grandeza do teu nome esmaga-me, és demasiada grande como dizia Carolino à Sofia em "Aparição".
Ninguém poderá alguma vez ombrear com a tua beleza, ninguém, jamais.
19 de Janeiro de 2005
Querida Teresa:
Liguei-te há sensivelmente três horas atrás, não sei o que me deu, peguei no telemóvel, cliquei no teu nome intocável e deixei o som soar na escuridão opaca do meu quarto até ouvir uma voz familiar, tão doce que me deixou imóvel, taciturna, embaraçada. Eras tu, há quanto tempo não te oiço, não sei de ti, quase te esqueci. Mentira, posso me esquecer que existo, das responsabilidades sociais, dos aniversários, dos nºs dos amigos, a data ou o dia da semana mas nunca de ti. Perguntaste-me logo: que se passa contigo? É perfeitamente normal essa questão, afinal de contas são 730 dias que nos separaram, foi o silêncio propositado de ambas as partes (teimo em achar que é mais da tua que a minha) que se tem prolongado até eu finalmente quebrá-lo por não conseguir conviver mais com a tua ausência. Perdoa-me se de alguma forma te incomodei (novamente), precisava urgentemente de te ouvir, talvez até de marcar a minha presença na tua vida para que não me riscasses de vez no livro da tua existência. Como vês, não mudei nada, continuo a ser tímida perante a figura ígnea e avassaladora que representas, balbuciei umas frases que mal me lembro mas as tuas hei-de guardá-las bem cá dentro. Disse-te que tinha insónias e por isso é que me lembrei de te ligar (desculpa esfarrapada, não é?) e respondeste-me ironicamente: ai é, assim vais ter ainda mais insónias! Pois é, Teresa, como tu me conheces, se calhar melhor que eu própria, às vezes tenho a sensação que prevês as minhas atitudes, os meus gestos, sabes o que corre nas minhas veias, no meu pensamento. És terrível como tudo o que é belo, eternamente.
Prometeste que me vais escrever um e-mail, a responder ao meu já há uma semana atrás, fico à espera... Apesar de no fundo do meu coração saber que não o farás. És uma mulher demasiada ocupada, há rios de gente que precisam do teu tempo somente para que os oiças e sentirem que são especiais nem que seja por breves instantes. Eu pertencia a esse grupo degradante de ovelha tresmalhada, a que não siga as regras convencionais de estar na sociedade, disse-te olhos nos olhos que gostava de ti. Foi um erro? É tarde demais para atar os laços que desatei com a traição à tua singela amizade, perdoa-me por te amar.
Liguei-te há sensivelmente três horas atrás, não sei o que me deu, peguei no telemóvel, cliquei no teu nome intocável e deixei o som soar na escuridão opaca do meu quarto até ouvir uma voz familiar, tão doce que me deixou imóvel, taciturna, embaraçada. Eras tu, há quanto tempo não te oiço, não sei de ti, quase te esqueci. Mentira, posso me esquecer que existo, das responsabilidades sociais, dos aniversários, dos nºs dos amigos, a data ou o dia da semana mas nunca de ti. Perguntaste-me logo: que se passa contigo? É perfeitamente normal essa questão, afinal de contas são 730 dias que nos separaram, foi o silêncio propositado de ambas as partes (teimo em achar que é mais da tua que a minha) que se tem prolongado até eu finalmente quebrá-lo por não conseguir conviver mais com a tua ausência. Perdoa-me se de alguma forma te incomodei (novamente), precisava urgentemente de te ouvir, talvez até de marcar a minha presença na tua vida para que não me riscasses de vez no livro da tua existência. Como vês, não mudei nada, continuo a ser tímida perante a figura ígnea e avassaladora que representas, balbuciei umas frases que mal me lembro mas as tuas hei-de guardá-las bem cá dentro. Disse-te que tinha insónias e por isso é que me lembrei de te ligar (desculpa esfarrapada, não é?) e respondeste-me ironicamente: ai é, assim vais ter ainda mais insónias! Pois é, Teresa, como tu me conheces, se calhar melhor que eu própria, às vezes tenho a sensação que prevês as minhas atitudes, os meus gestos, sabes o que corre nas minhas veias, no meu pensamento. És terrível como tudo o que é belo, eternamente.
Prometeste que me vais escrever um e-mail, a responder ao meu já há uma semana atrás, fico à espera... Apesar de no fundo do meu coração saber que não o farás. És uma mulher demasiada ocupada, há rios de gente que precisam do teu tempo somente para que os oiças e sentirem que são especiais nem que seja por breves instantes. Eu pertencia a esse grupo degradante de ovelha tresmalhada, a que não siga as regras convencionais de estar na sociedade, disse-te olhos nos olhos que gostava de ti. Foi um erro? É tarde demais para atar os laços que desatei com a traição à tua singela amizade, perdoa-me por te amar.